Trópico de Capricórnio

É a linha geográfica imaginária situada abaixo do Equador. Fica localizada a 23º 26' 27'' de Latitude Sul. Atravessa três continentes, onze países e três grandes oceanos.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Guiné-Bisssau: A Luta pela Liberdade


A “Marcha pela Paz”, da diáspora guineense, do passado sábado em Lisboa, veio demonstrar a maturidade deste povo que vem lutando pela democracia e pela liberdade no seu país. Os guineenses sabem exatamente aquilo que querem: a estabilidade e o progresso. Um caminho difícil, duro e agreste, mas que não passa por nenhuma forma de ditadura, nem civil nem militar. Quando em Portugal se comemora mais um 25 de Abril, o pensamento voa para África, para a Guiné-Bissau, gente trabalhadora e fraterna, do grande universo da língua portuguesa, mas que atravessa um momento sensível, uma fase extremamente complicada da sua história.
Que cessem os “putschs”, as intentonas armadas pelos generais de pacotilha, as detenções e os afastamentos forçados, os obuses e as Ak-47 dos tempos da guerrilha e que encontrem esse lugar de Paz e estabilidade. Só há uma escolha possível entre a Paz e a livre convivência e por outro lado a violência e a insegurança.

Portugal deve cumprir o papel de acicate, deve fazer despertar nos povos irmãos, que se encontram a lançar as raízes para um futuro de dignidade e prosperidade, o desejo pelo respeito das leis da república, pela Constitução, pelos direitos fundamentais e o afeto entre os cidadãos.

Alguém dizia há dias que em Angola vêm e ouvem com grande interesse os programas e debates sobre política da televisão portuguesa. Inclusivamente imita-se a postura, os tiques e até o respeito e carinho com que os portugueses se tratam entre si.

Pois é esse mesmo o papel que está reservado para Portugal. Deve ser o farol e o amigo sincero, onde os povos mais carenciados da CPLP podem encontrar o ombro amigo e o professor sábio que os aconselhem nos momentos difíceis, como é agora o caso da Guiné-Bissau.

Sem alaridos nem histerismos, deve colocar-se ao lado da ONU e das organizações africanas, não para ameaçar nem para impor, mas para mostrar os bens e as vantagens no exercício pleno da democracia.



 


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Linkin Park (Thirty Seconds To Mars - This Is War)




A Revolta da Deputada Cidinha Campos



Maria Aparecida Campos Straus, conhecida como Cidinha Campos é uma jornalista, atriz, radialista e política brasileira, filiada no PDT, desde 1990. É deputada estadual pelo Rio de Janeiro e é uma figura bem conhecida no Brasil.

Em 2010, Cidinha Campos tornou-se um fenômeno nas redes sociais Twitter e Facebook e no site Youtube, por conta de inflamados discursos proferidos da tribuna da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), sobre denúncias contra o também deputado estadual José Nader (PTB), que se auto indicou para uma vaga no Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro.  Cidinha acusa o parlamentar Nader e seus familiares pela prática de corrupção. (wikipedia)


É impressionante a proporção que pode tomar o monstro da corrupção alojado nas altas estrururas do Estado e a desfaçatez de quem faz do domínio público a sua coutada pessoal e dos seus familiares.
Aconteceu no Brasil, mas há em todo o mundo exemplos destes.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

A Pele de Um Lobo


O ex-inspetor da Polícia Judiciária e vice-presidente do Sporting Clube de Portugal, Paulo Cristóvão foi constituído arguido e sujeito a inquérito no âmbito de uma investigação de crime de denúncia caluniosa qualificada, na pessoa do árbitro assistente José Cardinal. Por esse motivo, auto suspendeu-se do cargo que ocupava no clube, com o fim, diz, de salvaguardar o bom nome da instituição, a que se dedica de alma e coração.

Paulo Cristóvão também foi arguido no caso Joana, em 2008, acusado de tortura, através de terceiros não identificados. Foi um dos inspetores envolvidos na investigação, tendo sido absolvido em sede de julgamento.

Em 2007 abandonou a P.J., após o caso Joana, tendo formado uma empresa de “Business Intelligence,”o que em linguagem normal significa que se dedica a espionagem de pessoas, perscrutando as suas vidas e os seus hábitos. Segundo a imprensa, esta firma prestava esse tipo de serviços ao Sporting, vendendo ao clube informação classificada, sobre jogadores e árbitros. Paulo Cristóvão é o“boss,” e tem alguns homens de mão para efetuar estas incursões clandestinas. Nada de outro mundo, diz o presidente do S.C.P. ─ Godinho Lopes. Segundo ele, o Sporting também tem uma empresa destas, para saber do comportamento de alguns seus colaboradores.

O processo começou por ser um possível caso de corrupção do auxiliar José Cardinal, depois de o árbitro ter recebido na sua conta bancária 2000 euros. A P.J. apurou que foi um dos colaboradores mais próximos do “big boss” e líder da claque do clube, quem depositou esse dinheiro na conta do árbitro, dias antes de um jogo entre o SCP e o Marítimo.

O Procurador-Geral da República, lesto e em fim de mandato, ufano e ansioso por mostrar trabalho, mostra-se à imprensa e declara que esta é mais uma prova de que, como sempre disse, também os dirigentes desportivos devem ser investigados tal como o cidadão comum.

Dificilmente haverá condenação alguma neste caso. Qualquer advogado estagiário minimamente conhecedor dos mecanismos processuais, percebe rapidamente que a montanha há-de parir um rato. O Código Penal português especializou-se em oferecer garantias e direitos excessivos a quem tem posses e pode contratar um defensor qualificado ou de nível elevado.

Mas agora Paulo Cristóvão está perante outro tribunal, porventura muito mais exigente: o da opinião pública, o dos seus concidadãos. Ele até pode ajudar à missa e tocar à concertina, lá na paróquia da sua aldeia, que não se livra da dúvida que paira sobre na mente do cidadão comum: porque é que o ex-detective parece sempre flutuar em terreno ambíguo, entre a lei pura e dura de um lado e a criminalidade comum do outro?

Já percebemos que não estamos propriamente perante o Capuchinho Vermelho. Parece-se com um lobo, tem pele de lobo e uiva como um lobo, então provavelmente é um lobo.

J.L.F.


quarta-feira, 11 de abril de 2012

Tabu - Filme de Miguel Gomes



O terceiro filme do realizador Miguel Gomes, "Tabu", estreia  em Portugal, depois de ter sido premiado no Festival de Berlim, em Fevereiro.

"Tabu", realizado por Miguel Gomes, é uma co-produção entre Portugal, França, Alemanha e Brasil, e conta no elenco com Ana Moreira, Laura Soveral, Teresa Madruga e Carlotto Cota, entre outros.

O filme é uma saga a preto e branco, filmada em película, sobre um amor passado em Moçambique, há 50 anos, pouco antes da guerra colonial.

A primeira parte do filme, intitulada "Paraíso Perdido", é passada em Lisboa, relata a vida de três mulheres: Aurora (Laura Soveral), uma idosa temperamental, a sua empregada africana, Santa (Isabel Cardoso), e Pilar (Teresa Madruga), uma vizinha empenhada em causas sociais.

Na segunda parte, com o nome de "Paraíso", vemos a jovem Aurora (Ana Moreira) em África, mulher casada que trai o marido com o baterista de uma banda e comete um assassínio, no auge da tragédia amorosa.

O filme foi distinguido em Fevereiro, no Festival de Cinema de Berlim, com o prémio Alfred Bauer para a Inovação e com o prémio especial da crítica.


Aquele Querido Mês de Agosto - Filme de Miguel Gomes





 

Sinopse

No coração de Portugal, serrano, o mês de Agosto multiplica os populares e as actividades. Regressam à terra, lançam foguetes, controlam fogos, cantam karaoke, atiram-se da ponte, caçam javalis, bebem cerveja, fazem filhos. Se o realizador e a equipa do filme tivessem ido directamente ao assunto, resistindo aos bailaricos, reduzir-se-ia a sinopse: «Aquele Querido Mês de Agosto acompanha as relações sentimentais entre pai, filha e o primo desta, músicos numa banda de baile». Amor e música, portanto.

 

Bio-filmografia do realizador

Miguel Gomes, nasce em Lisboa em 1972. Estuda na Escola Superior de Teatro e Cinema e trabalha como crítico de cinema na imprensa portuguesa entre 1996 e 2000.
Realiza várias curtas metragens premiadas em festivais como Oberhausen, Belfort ou Vila do Conde e exibidas em Locarno, Roterdão, Buenos Aires ou Viena. Realiza em 2004 a sua primeira longa metragem, A CARA QUE MERECES. Em 2008, estreia o seu filme, AQUELE QUERIDO MÊS DE AGOSTO, na Quinzena dos Realizadores em Cannes, posteriormente exibido em mais de sessenta festivais internacionais onde recebe dezasseis prémios. São efectuadas retrospectivas do realizador, nomeadamente na Viennale (Aústria) em 2008, no Bafici (Argentina) em 2009 ou no Cinema Arsenal em Berlim (Alemanha) em 2010. Estreia a sua última longa-metragem,TABU, na competição oficial da Berlinale, onde recebe o prémio Aflred Bauer e o Fipresci.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Visões do Porto


Rua Cimo de Vila, Porto (Dez.2010)

Rua de Sta. Catarina, Porto (Dez.2010)

Rua de Sta. Catarina, Porto (Dez.2010)

Fotografias de J.L.F. com cãmara digital Canon

Visões do Porto


Rua Cimo de Vila, Porto (Dez.2010)

Rua de Sta. Catarina, Porto (Dez.2010)

Fotografias de J.L.F. com cãmara Canon digital

Visões do Porto


Igreja de Sto. Ildefonso, Porto (Dez.2010) 

Mercado do Bolhão, Porto (Dez.2010)

Fotografias de J.L.F., com Canon Digital

Visões de Lisboa

Elétrico de Lisboa, R. da Prata (8Abril 2012)

R. da Prata, Lisboa (8Abril2012)

Esplanada, Terreiro do Paço, Lisboa (8Abril2012)

Fotografias de J.L.F. c/ telemóvel Samsung

Visões de Lisboa



R. do Ouro, entrada para o elevador da Glória, Lisboa (8Abril2012)

R. do Ouro, Lisboa (8Abril2012)

Rio Tejo, Lisboa (8Abril 2012)
 Fotografias de J.L.F. c/ telemóvel Samsung



domingo, 8 de abril de 2012

Visões de Lisboa

Cais das Colunas, Terreiro do Paço (8Abril2012)


Praça da Figueira (8Abril2012)



Esquina da R. da Prata com a R. da Conceição (8Abril2012)

Fotografias de J.L. c/telemóvel Samsung

Visões de Lisboa

Terreiro do Paço, 8Abril2012 (fotografia c/telemóvel Samsung)

Rossio, 8Abril2012 (fotografia c/telemóvel Samsung)

Conceção Socrática


Há dias, no programa "Frente a Frente" da SIC, Ângelo Correia defrontava o líder da bancada parlamentar do Partido Socialista, Carlos Zorrinho. Falavam da situação interna do PS e A. C. apontou a mudança de liderança, como a principal causa das perturbações que o partido tem mostrado.

Assim, comparou a personalidade e o modo de fazer política do atual secretário-geral, com a do anterior, o ex-primeiro-ministro José Sócrates. Refere o excesso de egocentrismo de Sócrates e para explicar o seu ponto de vista, não encontrou nada mais original do isto:

-“O PS no tempo de J.S. tinha uma conceção socrático-cêntrica, isto é, o centro do mundo, o centro do PS; a ideia era a imagem avassaladora, arrogante pouco dialogante do líder J.S… (Carlos Zorrinho não consegue esconder um sorriso irónico). Houve alguém que disse uma frase notável: J.S. tinha de si próprio uma noção tao forte e tao profunda, que ele nunca se designou na opinião pública, com o nome do pai ou da mãe, mas apenas pelo nome de si próprio. J.S. apenas, nunca o apelido do pai, ou o apelido da mãe; ou seja, é ele por ele, independentemente das suas origens e das suas raízes, ele é o centro do mundo, é a tal imagem socrático-cêntrica”.  

Não sei onde Ângelo Correia foi buscar estas teorias, este vocabulário “socrático” e estas análises pseudo freudianas da personalidade de J.S. Para um político que está preocupado com o estado da nação e imbuído do espirito de servi-la, o nome da mãe ou do pai, não têm relevância absolutamente nenhuma, a meu ver. Se J.S., na sua vida privada e de militante do PS, já era conhecido por esse nome, não sei por que carga de água haveria de ter mudado.

Não compreendo qual é o interesse para o país, que o primeiro-ministro use o nome do pai ou da mãe. Nos últimos anos do consulado de J.S., a sua vida familiar foi suficientemente verificada, até ao mais ínfimo pormenor e inspecionada à lupa, chegando ao ponto de serem analisadas as contas bancárias dos seus parentes mais chegados, com acusações de desvio de dinheiros para paraísos fiscais e fuga aos impostos. J.S. foi dos líderes políticos portugueses mais escrutinados e contra ele foi movida a mais feroz das campanhas, por parte da imprensa e da oposição. Não foi por não usar o apelido familiar que o antigo primeiro-ministro teve melhor ou pior desempenho, nem a avaliação do seu governo deixou de ser feita mais rigorosamente, por esse motivo.

 Não vejo realmente onde está a importância de trazer à colação os apelidos e a ascendência genealógica de um político.

J.L.F.

sábado, 7 de abril de 2012

Homofobia


Estou a fazer um esforço para tentar entender o que se passou com o músico jamaicano de "reggae", que está em Portugal. Mas então não é que foi permitido a este indivíduo fazer um concerto no Coliseu dos Recreios, sabendo-se que é um homofóbico  internacionalmente conhecido e que nos seus espetáculos insulta e pede a morte aos gays e a todos os que não seguem a sua orientação sexual?

 Não compreendo as autoridades. Por um lado dizem-se democratas e defensores da liberdade de pensamento e por outro, dão acolhimento a este tipo de comportamento público, por parte de quem incita à intolerância e à violência contra um grupo social do mais pacífico, correto e inofensivo que existe na nossa sociedade e que há demasiado tempo vem sendo desrespeitado e enxovalhado.

 Existe um vazio, quanto a este assunto, na legislação portuguesa. O IGAC (Inspeção Geral das Atividades Culturais), diz que não tem força legal para impedir esta forma de descriminação, baseando-se na lei em vigor, de 1995. Para a funcionária do IGAC, responsável pelo pelouro, existe a possibilidade de "eventualmente, suscitar, num futuro, que se crie algum mecanismo para impedir casos idênticos, conforme cita o "Jornal de Notícias." 
O DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal), também tem a mesma opinião e informa, segundo o JN, que não possui mecanismos legais para criar obstáculos à atuação do músico.
Há uma entidade em Portugal com poder para proibir a descriminação de género, mas não de sexo. A Comissão para a Igualdade de Género (CIG), dependente da Presidência do Conselho de Ministros, é um organismo que tem não só capacidade de aplicar contra ordenações, como é responsável pela aplicação do Plano Nacional da Igualdade, mas não se mostrou apto a resolver a questão, diz o JN.
Leio que Paulo J. Vieira, da Associação “Não te Prives” e que é um dos manifestantes à porta do Coliseu, invoca o artigo 13º da Constituição Portuguesa, que consagra a não-descriminação por orientação e chama a atenção para a sua violação, neste caso. Entretanto há um manifestante que é levado pela polícia, para a esquadra, para ser identificado.

 Acho isto tudo de uma grande indigência e não posso deixar de criticar a passividade das entidades oficiais. Não consigo compreender, como quem de direito, se escuse com uma lei de há quase vinte anos. O ramo dos espetáculos musicais tem estado muito ativo na última década, ou mesmo nos últimos vinte anos e é dos setores mais dinâmicos e em permanente mutação no mundo. Criatividade, modernização dos meios tecnológicos, transformação e inovação, são acontecimentos diários, mas parece-me que entre nós nos resumimos ao Pedro Abrunhosa, aos Ídolos, às imitações do António Sala e a pouco mais do que isso; ou a recebê-los cá e a tratar qualquer borra-botas estrangeiro, como lorde. Há exemplos de cidades como Málaga, Madrid, Valência, Barcelona, Toronto, Montreal, onde foram cancelados os concertos deste mentecapto. A Inglaterra e a Suécia chegaram mesmo a barrar a entrada no país, a este adepto da cultura “rastafári” e com uma certa interpretação radical da mesma. Pelo que sei, o maior ícone do “reggae” e do “rastafarismo”, Bob Marley, não seguia esta filosofia de exclusão e extermínio.

É completamente bizarro que após meses e meses de discussão, debate e aprovação do casamento homossexual, ninguém se tenha lembrado de criar um mecanismo, ou fazer uma simples apêndice à lei, contemplando também a discriminação sexual.

É caso para perguntar muito diretamente, o que andam estes senhores a fazer, a dormir? E também pergunto às associações de gays e lésbicas por que motivo se mostram sempre tão passivos e não criam um verdadeiro “lobby,” a fim de valer os seus direitos? Como é que deixam passar em claro este buraco na legislação?

Há uma linha de pensamento muito enraizada nas várias camadas da sociedade, na cultura popular, mas também entre as elites, que se isenta de tudo o que não nos diz diretamente respeito. Parece-me que alguém que não devia, está a confundir os conceitos e a entrar numa espécie de farsa, onde se tenta aparentar algo e depois se deixa acomodar num laxismo vergonhoso, do tipo “laissez faire, laisser passer” e vira a cara para outro lado, com a desculpa de que os outros também têm o direito de se manifestar.

É um pensamento errado e perigoso. Porque somos livres, implica que nos obrigamos a defender até às últimas consequência esse estado e não deixar que alguém venha vilipendiar e maltratar os nossos concidadãos. Quando nos declaramos democratas e acima de tudo defendemos os valores civilizacionais do séc.XXI, estamos automaticamente comprometidos e assumimos em toda a plenitude esse desiderato. Não podemos de modo algum cumprir uma metade e deixar a outra para quando nos apetecer. Isso não é absolutamente nada e dessa forma não se é democrata coisíssima nenhuma, nem aqui nem na Conchichina.

J.L.F.


quinta-feira, 5 de abril de 2012

Um Manual de Maus Costumes


A arbitragem que calhou aos dois jogos do Benfica com o Chelsea, para acesso às meias-finais da “Champions”, foi um verdadeiro manual, um compêndio da arte de arbitrar tendenciosamente, favorecendo um dos lados.

Um penalty perdoado ao Chelsea, no primeiro jogo e a expulsão do lateral direito do Benfica, ontem, em Stamford Bridge, aos 39 minutos, para além de variadíssimos cartões amarelos logo à entrada, de um jogo pacífico e sem grau de risco elevado, condicionaram e prejudicaram francamente uma das equipas, neste caso o Benfica.

Duas arbitragens habilidosas e facciosas empurraram o Benfica para a porta de saída da Liga dos Campeões. É pena que uma entidade como a UEFA, que se presume pugnar pelo desportivismo e pelo “fair-play”, permita este tipo de atuação por parte da arbitragem, em dois jogos consecutivos, de uma competição que deveria ser exemplar e estar acima de interesses mesquinhos. Afinal, não sei o que ganha ao premiar o Chelsea do multimilionário Roman Abramovich. Ou haverá alguma ligação e negócios com o senhor Rupert Murdoch, “owner” da cadeia de televisão BSkytB?

Não quero falar em presentes, longe de mim, mas que este é uma oferta que o Chelsea não merece, isso é verdade. O Chelsea jogou mal, vagaroso e com uma atitude sobranceira. Valeu-se do empenho e da garra de jogadores como Ramirez e David Luís, que souberam imprimir qualidade a esta equipa em fim de ciclo. Frank Lampard é uma sombra do Lampard dos tempos de Mourinho, quando marcava o ritmo e a cadência do Chelsea.

O Benfica jogou bem, mesmo com uma defesa de recurso, com um trinco e um lateral esquerdo como centrais; pressionou o adversário e durante largos minutos tomou conta do jogo e mesmo a jogar com dez, terminou a partida na área do Chelsea, procurando o golo.

De lamentar no Benfica a falta de um playmaker com fôlego para 90 minutos, porque Pablo Aimar, pese embora toda a sua qualidade, já não tem essa pujança; e principalmente, de um ponta de lança de categoria inquestionável, porque Cardoso não é definitivamente o goleador que o Benfica precisa e Nelson Oliveira e Rodrigo ainda não são os “strikers” para resolver um jogo na alta competição. O Benfica necessita de um verdadeiro homem de área, com mobilidade e sentido do golo, sob pena de construir seis ou sete oportunidades e não acertar na baliza do adversário.
                                                                          J.L.F.                                                                                                                 

Aconteceu em Armamar


Aconteceu ontem, em Armamar, distrito de Viseu. Dois irmãos, operários da construção civil, trabalhavam nas obras de uma mercearia. Perto, havia uma câmara frigorífica, para conservação de fruta. Trata-se de uma câmara especial, de ar controlado, o que significa que lá dentro, só existe um por cento de oxigénio. Quer isto dizer que, em caso de entrada indevida, por assalto, ou desconhecimento do risco, é morte certa, sem apelo nem agravo.

Segundo os jornais, existem avisos de segurança e a porta de acesso está fechada à chave. Mas há uma janela lateral, uma portinhola, uma espécie de vigia, por onde eles espreitam para controlar a temperatura. A acreditar no que diz um funcionário da empresa, foi por aqui que os dois operários entraram para a referida câmara, com o intuito talvez, de matar a fome que lhes roía os estômagos. Não devem ter visto os avisos, pois não acredito que, se os tivessem lido, entrassem à mesma.

À primeira vista parece-nos que tudo está conforme a lei, mas talvez não seja bem assim. Este tipo de instalação, sem escapatória, nem recurso a alarme interior, mais se assemelha a uma ratoeira que a um verdadeiro local de trabalho. Conhecendo como conheço a nossa classe empresarial, e habituado a ver tanto encolher de ombros e lavar de mãos, tenho dúvidas que esta seja a melhor forma de manter em funcionamento um equipamento com estas caraterísticas.

Será que é exatamente isto que recomendam os preceitos de segurança para as câmaras frigoríficas? Se é, está mal, não deviam funcionar desta forma tão letal, sem margem para erros, sem uma pequena saída de emergência, nem oxigénio adicional, pois trata-se de homens e mulheres que no seu dia-a-dia de trabalho permanecem neste local e todos os cuidados são poucos, não devendo haver por isso lugar para estas autênticas armadilhas para lobos. Estará este género de dispositivo conforme as normas da UE? De tanto ver atropelos à lei e desrespeito pela legislação, fico bastante desconfiado.

Desta vez foram dois operários alheios à empresa, feitos ratoneiros de maçãs. Amanhã poderão ser outros, que se esqueçam das normas restritas e inadvertidamente entrem nesta morgue.

Deixo uma sugestão à ASAE: talvez seja altura para fazer uma vistoria completa, aos sistemas de segurança das câmaras de refrigeração e conservação de frescos, de norte a sul do país.

J.L.F.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Vítor, o Constâncio


Vítor Constâncio apareceu há dias; andava há algum tempo desaparecido. Esse mesmo, o tal que não se apercebeu da situação financeira do país, quando exercia funções de Governador do Banco de Portugal. Nem tão pouco, viu algo de anormal, no colossal buraco financeiro do BPN, quando tinha como missão a supervisão prudencial das instituições de crédito, a sua regulação e fiscalização, como proclamam os estatutos do BP. Diz-se por aí que nem atas havia das reuniões da direção do BPN. A farsa era total, completa.

Como prémio pela excelência do desempenho, passou-se para Bruxelas, para o Banco Central Europeu, pois que Portugal escaldava de incertezas. Sentava-se ao lado de Jean- Claude Trichet, quando este anunciava semanalmente as subidas das taxas de juro e o país abria a boca de incredulidade. Ele, o eterno pajem, dizia que sim, concordava com o chefe e lá vai mais uma subida.

Para mostrar que existe e que ainda tem voz, fez uma suave e discreta declaração, a modos de aviso à navegação, esfregando as mãos de prudência, e coçando o queixo caído de tanta ponderação; anunciou o que todos já sabemos: que talvez, poderá ser que sim, vamos a ver, só o futuro dirá…

Mas agora a política do BCE é outra e é um outro, o seu senhor, o seu amo. Mario Draghi, o italiano, é de opinião que se devem baixar os juros para assim dinamizar as economias da zona euro. E também não o quer para nada, já não o leva pela trela às reuniões, nem aos briefings com a imprensa. E como alguém já disse, nem tão pouco lhe dá a palavra.

Veremos qual é a próxima jogada desta excelsa personagem.

J.L.F.




Até quando?


O fim do 13º e do 14º mês deverá durar até 2013, enquanto durar o programa de ajustamento, mas na apresentação da mais recente avaliação da implementação deste programa por Portugal, Peter Weiss, o chefe adjunto da missão da “troika”, não descarta a possibilidade de tal medida vir a assumir carácter permanente.

Mas então até quando é que vai o mandato da “troika”? Quando é que recuperaremos a autonomia sobre as nossas finanças públicas? Como é que o sr. Peter Weiss, que apenas é um funcionário do triunvirato que gere Portugal, durante a vigência do memorando de entendimento, mas com poder limitado, apenas durante este tempo, se atreve a fazer considerações desta natureza?

Será que quando acabarmos de pagar os colossais juros e formos outra vez donos e senhores das nossas contas, estes senhores continuarão a mandar nos ordenados dos funcionários públicos? Terão eles alguma coisa a ver, se em Portugal se paga mais um mês ou dois, para além do que eles pagam nas suas terras? Mas que é que o sr. Peter Weiss tem a ver com isso?
 
Olhe, sr. Weiss, vá mamar  na quinta pata do cavalo de D. Pedro!

J.L.F.

A Intentona


Todos nós conhecemos a genialidade do prof. Marcelo. Tem uma inteligência fulgurante, tipo relâmpago. Nada todos os dias, no Guincho, à hora do almoço; basta-lhe quatro horas de sono por noite; é ambidextro a escrever, é capaz de ler em diagonal, dita dois textos ao mesmo tempo. É um opinion maker e comentador televisivo da mais fina água. Tanto discorre sobre política, como fala sobre futebol, ou sobre pintura, como disserta sobre direito, do alto da cátedra de professor universitário.

É também praticante de karaté e acaba de aplicar um golpe em cutelo, na direção do Partido Socialista. Descobriu o pintelho na cabeça de um careca e levou a uma crise de nervos a bancada parlamentar do PS, que já os tinha em pedaços.

No comentário de domingo, o prof. Marcelo acusa António José Seguro de “golpada” por ter efetuado uma alteração dos estatutos, visando o prolongamento do mandato do secretário-geral, violando assim uma norma que obriga a um mandato do congresso, para concretizar tal manobra. “O pior é que as pessoas vão pensar: se o homem faz isto enquanto é líder da oposição, o que fará quando for primeiro-ministro?”, questionou Marcelo Rebelo de Sousa.

Depois, experimenta outro golpe de karaté, um soco com o punho fechado – o kara zuki: diz Marcelo que nem Sócrates na sua melhor forma conseguiu tal façanha.

Mas vai mais fundo e sentencia a vítima com um morote zuki (com os dois punhos fechados) direto ao plexo solar de António J. Seguro: explica a verdadeira motivação da intentona. Seria para cortar o caminho a António Costa e afastá-lo de uma possível candidatura a secretário-geral do PS.

 Convenhamos que além de genial é maquiavélico, este professor. Com três golpes de karaté põe em debandada e à beira do "knockout" a ala segurista do PS.

J.L.F.

Na Flórida, vale a "Shoot First Law"


No estado da Flórida, nos USA, existem leis curiosas, sobre o uso de armas de fogo e a legítima defesa.

É permitido a qualquer cidadão atirar a matar, desde que tenha indícios “razoáveis,” indicando uma ameaça contra si mesmo ou outras pessoas. É a designada “Shoot First Law”.  Nos termos da lei, basta que a pessoa se sinta ameaçada ou que entenda que a sua vida está em perigo para ter o direito de matar.
 
Na morte de Trayvon Martin, a polícia nem tentou prender George Zimmerman, o homem que disparou sobre ele.  Declarou à imprensa que, se o prendesse, poderia ser processada, por infringir a lei do estado a  "Stand Your Ground Law" (Lei não ceda terreno).

Esta lei do estado da Florida, aprovada em 2005 pelo então governador Jeb Bush (irmão do ex-presidente George Bush) e subsequentemente copiada por mais 15 estados americanos, mudou o conceito de legítima defesa, seguindo os preceitos de uma outra lei, conhecida como "Castle Doctrine" (Doutrina do Castelo), e "Defense of Habitation Law" (Lei da Defesa da Habitação). A doutrina da legítima defesa previa que a pessoa tinha a obrigação de recuar antes de usar "força fatal", e só poderia usá-la como último recurso. A "Castle Doctrine" estabeleceu que o cidadão, quando é ameaçado dentro de sua casa, não tem de recuar coisa nenhuma. Pode matar, com garantia da imunidade prevista no princípio da legítima defesa. A doutrina, com raízes na "Common Law", prescreve que a casa é "o castelo do cidadão".

A "Stand Your Ground Law" absorveu esse conceito e o estendeu para virtualmente qualquer lugar no estado — a rua, o campo de basquete, o bar, o restaurante, a calçada pela qual o estudante Trayvon caminhava com um lanche e um refrigerante, que comprara na loja, enquanto falava com a namorada pelo celular e usava o capuz da jaqueta sobre a cabeça, porque chovia.

Depois de aprovada, a lei ganhou rapidamente um apelido: "Make my Day Law" (em tradução livre, "Lei Ajude-me a Ganhar O Dia").. Pela lei da Flórida, basta que o autor do crime forneça à polícia uma argumentação plausível para sustentar a legítima defesa. A acusação não pode, obviamente, contestar com a versão da vítima.

Para um grande número de americanos, essa lei da Flórida passou dos limites. E, recentemente, ganhou mais um apelido dos seus oponentes, segundo o site da MSNBC: "Shoot First Law" (Lei Atire Primeiro) — apelido derivado da expressão "atire primeiro, pergunte depois", que muitas vezes foi atribuída, nos filmes de "western", aos bandidos mexicanos. Para um colunista do jornal Orlando Sentinel, os habitantes da Flórida estão revivendo o Velho Oeste.

De acordo com o New York Times, um levantamento de 65 casos semelhantes ocorridos na Flórida que resultaram em mortes revelou que, em 57 deles, sequer houve indiciamento criminal. Em sete outros, a denúncia foi apresentada à Justiça, mas os réus foram absolvidos. A Suprema Corte da Flórida já decidiu que, com base nessa lei, os juízes podem rejeitar as denúncias, antes mesmo de iniciar o julgamento. Isso porque, segundo a Corte, a lei dá ao réu o que se chama de imunidade verdadeira.

A venda de armas cresceu substancialmente na Flórida, e nos outros estados que copiaram a lei, depois da aprovação da "Stand Your Ground Law". A lei foi aprovada graças, em boa medida, ao forte lobby da National Rifle Association (NFA), a associação americana que reúne os fabricantes de armas dos EUA . A organização,  considerada o grupo mais influente de lobby por parlamentares e assessores do Congresso dos EUA, segundo uma pesquisa da revista Fortune, declara-se defensora dos direitos de porte de arma, garantidos pela Segunda Emenda da Constituição do país.

O procurador-geral do estado da Flórida, Willie Meggs, que lutou contra a aprovação dessa lei quando ela foi proposta, disse ao New York Times que as consequências da "Stand Your Ground Law" têm sido "devastadoras" em todo o estado. Contou que a lei tem sido usada por membros de gangues em guerra com outros gangues, traficantes em guerra com outros traficantes, bem como por namorados ciumentos em bares, que usam revólveres, facas e até mesmo um quebrador de gelo, como já aconteceu, para matar os seus desafetos. E relatou que o estado perdeu um caso contra um homem que já estava no seu carro para ir para casa, mas, com muita raiva por causa de uma discussão com outro homem que havia sentado no seu veículo, pegou numa arma no porta-luvas, abriu a porta, desceu, caminhou até perto dele e matou-o com um tiro.

J.L.F.