Trópico de Capricórnio

É a linha geográfica imaginária situada abaixo do Equador. Fica localizada a 23º 26' 27'' de Latitude Sul. Atravessa três continentes, onze países e três grandes oceanos.


domingo, 4 de novembro de 2012

Mensagem ao Povo Americano

Americanos,

 A hora das grandes decisões está a chegar. Faltam poucas horas para que, mais uma vez, se abram as urnas e todos vós, de Washington ao Kentucky, exerçam o poder soberano do voto, para o lugar mais alto da nação — o cargo de Presidente dos USA.

 Falo-vos na qualidade de amigo, alguém que desde há muitos anos mantém pelo vosso país uma admiração especial, que por vezes se aborrece com as vossas escolhas e com a vossa orientação política, com o vosso capitalismo em certas circunstâncias feroz e desalmado, que ainda noutras ocasiões, vos tenta compreender e não consegue, que frequentemente acusa os vossos políticos de responsáveis por atrocidades, mas também o mesmo que se entusiasma com os fantásticos impulsos da grande nação americana nos domínios da Democracia e da Liberdade, com os avanços do vosso povo nos campos da investigação científica, da tecnologia espacial e da cibernética e se comove até às lágrimas com a grandiosidade e arrojo da vossa música, das artes, da literatura e do cinema; alguém que, como cidadão deste mundo, nos momentos difíceis ou em alturas de instabilidade global, clama, como muitos outros Estados, pela vossa proteção, se inspira na vossa experiência e anseia, tal como qualquer americano, que as coisas corram pelo melhor, e possam, dessa forma, estar ao lado e ser uma bandeira, um farol e um exemplo digno, para aqueles que ainda tateiam no escuro, à procura da luz que vocês, melhor que ninguém, estão aptos a proporcionar.

 Estão muitos de vós, neste momento, frente a um dilema: em quem devem votar. Dos dois lados vos solicitam que votem neles e no seu projeto, e, entre os dois, por vezes, o vosso coração ainda balança para lado incerto.

 Se vós, povo americano, me concederdes a suprema honra de convosco partilhar a ansiedade dos grandes momentos eleitorais, tomarei esta pequena ousadia de apontar-vos um caminho, que, considero, é para vocês a melhor escolha.

Penso, para mim, que Barack Obama é o candidato ideal para governar a América por mais quatro anos. Porque é um "self made man", bem ao gosto dos americanos, porque é dedicado, porque é um homem culto, moderado e generoso, e como já o demonstrou inúmeras vezes, tem lutado incansavelmente para que os mais desfavorecidos da vossa sociedade tenham acesso aos cuidados de saúde, como uma sociedade moderna e digna deve ter. Fez essa justa e importantíssima reforma e viu-a promulgada pelo Senado, como era o seu desejo e o de vários presidentes americanos antes dele. No campo da política económica, Obama recuperou a América do "crash" do setor bancário, após a queda do "Lehman Brothers". Efetuou a maior reforma do sistema financeiro e de Wall Street, desde a Grande Depressão, impondo regras que defendem o pequeno investidor dos riscos dos produtos tóxicos engendrados pelos bancos e pelos especuladores sem escrúpulos; manteve a economia americana no rumo certo, e soube exigir aos banqueiros refinanciados a devolução do dinheiro pago pelos contribuintes americanos.

Num dos períodos mais difíceis da história dos EUA, Obama compreendeu o enorme simbolismo das fábricas de automóveis e o valor que elas têm para a identidade coletiva dos americanos e não deixou morrer a industria automóvel; o slogan "GENERAL MOTORS IS ALIVE, BIN LADEN IS DEAD", é o verdadeiro retrato do mandato Obama.

Também demonstrou de forma categórica que defende os interesses nacionais, aquando do desastre na plataforma da BP, a Deepwater Horizon, em 2010, no Golfo do México, que afetou profundamente toda a costa do Louisiana, do "bayou" de New Orleans, à baía de St. Louis, no Missouri. Obama exigiu que a BP pagasse todos os prejuízos e indemnizações nas zonas afetadas pelo derramamento de petróleo, provocado pela rotura no poço.

Nos últimos dias o Presidentre soube acompanhar muito de perto os acontecimentos provocados pelo furacão Sandy, e segundo os relatos da imprensa teve um desempenho excecional; que por sinal foi amplamente elogiado pelo governador de New Jersey, Chris Christie, membro do partido rival, o Partido Republicano.

A sua atuação na política externa também tem sido de excelência. Dois exemplos apenas: a distensão das relações com Cuba, ao libertar vistos, remessas de dinheiro e viagens para essa ilha. Ao proporcionar a Cuba que enveredasse por um caminho de cooperação amigável. A bola está agora do lado do governo cubano, que teima em manter o isolamento contra toda a lógica racional.

O encerramento da prisão de Guantanamo, como foi a sua promessa na campanha pré-eleitoral de 2008, seria uma boa medida, mas traz consigo implicações de vária ordem, que escapam ao controlo do Presidente, temos de concordar. Barack Obama mandou regressar as tropas do Iraque e até 2014 as tropas americanas também sairão do Afeganistão. Por vontade sua terminou o tempo em que os homossexuais eram excluídos do exército e o célebre conceito "Don´t ask, Don´t tell", ficou enterrado para sempre neste mandato. Ao distanciar-se do primado da guerra, abriu uma nova perspetiva de paz e desenvolvimento, evitando gastos desmesurados para o orçamento da defesa e tragédias inimagináveis para as famílias americanas, ao mesmo tempo que canaliza esses recursos para projetos de criação de milhões de empregos dentro das fronteiras da Federação.

Ele estendeu a mão aos muçulmanos mais radicais, ao visitar a Universidade do Cairo, e aí proferir um eloquente discurso, logo depois da sua investidura como Presidente dos EUA; e soube manter o sangue frio de um verdadeiro general, ao comandar a incursão do comando "SEAL", dentro do Paquistão, na caça e morte de Bin Laden, sem parangonas, sem embandeirar em arco, nem usar a morte do maior inimigo da América como glória pessoal, e sem reivindicar para si próprio os louros da vitória.

Por tudo isto, ilustres amigos americanos, penso que deverão dar a Barack Obama a oportunidade e a honra para mais quatro anos de mandato. Será o justo prémio que poderão conceder, a quem durante todo este tempo não se afastou um milímetro que fosse dos propósitos da boa governação, dos valores familiares, de quem não se conhecem outros interesses para além dos deveres e obrigações do político para com a nação, e de lealdade ao povo americano.

So,
Vote Barack Obama

God Bless You, God Bless America
Thank You
J.L.F.

Nota sobre a Guiné-Bissau


Aquilo que se está a passar na Guiné Bissau é completamente inadmissível, revela um estado de desorientação e loucura generalizada da parte de alguns elementos do exército, que se entretêm a despoletar vinganças sangrentas para colmatar ódios antigos, motivados por disputas tribais e étnicas, esquecendo os interesses verdadeiros da população, que cada vez mais se afu

nda na fome, na miséria, no analfabetismo e nas doenças endémicas. A cólera, a sida e o paludismo grassam na região, a esperança média de vida desce para os quarenta e poucos anos e o atraso torna-se cada vez mais acentuado. Entretanto, a classe política e militar mais não faz do que provocar mortes em série, assassínios bárbaros e inomináveis.

O auto intitulado ministro dos negócios estrangeiros do governo de transição da Guiné Bissau tem proferido acusações muito graves, de extrema contundência e cinismo, contra o governo português, particularmente contra a nossa diplomacia e contra os serviços de informação portugueses. Acusações sem provas factuais nem documentação sustentada, sem notas diplomáticas nem memorandos comprometedores, sem testemunhos ou correspondência entre os intervenientes nas ações, de onde se possa deduzir alguma coisa, mas apenas com base em suposições e desconfianças. Ou será que exigir que provem o que dizem, é pedir demais a quem ainda se move dentro das velhas botas do tempo da guerrilha, da luta armada? Este indivíduo, vindo não se sabe de onde, palavroso e atrevido q.b., desenterrado de alguma trincheira de Madina do Boé, aparece em conferência de imprensa culpando Portugal de estar por detrás dos diversos golpes sangrentos, desde a morte de Ansumane Mané até ao assassinato de Nino Vieira. Se não fosse saber que só iria provocar mais isolamento, com o seu séquito de mais fome e miséria, atrevia-me a sugerir que fossem pedidas mais sanções e mesmo uma investigação às contas bancárias de alguns destes militares e o respetivo congelamento desses mesmos ativos; porque Portugal, livre da ganga colonial e já longe dos ciclos do Império, não pode permitir este tipo de acusações sem uma resposta forte e cabal. Ou então deixá-los com os seus esqueletos, com as suas obsessões e complexos, perpetuando-se em lutas fratricidas e paranoicas.

Quem começou por acusar Angola de interferência na estrutura militar, investe agora contra o pacífico Cabo Verde e contra os países da CPLP, após mais uma intentona igual à anterior, e à outra antes dessa, de proveniências difusas e com fins obscuros, está como que encostado à parede, chefiando um governo que ninguém reconhece e que cada vez se sente mais encurralado.

Culpar a diplomacia portuguesa de ingerência, de incitamento aos golpes de estado e à violência, é completamente descabido e insensato, extravasa os limites da razoabilidade e constitui uma falta de respeito por um parceiro, hoje considerado entre os países da CPLP como um irmão e companheiro de caminhada. Ver este dossier sob a perspetiva da traição permanente, só cabe na cabeça de frustrados e despeitados e apenas os conduz a maior isolamento e à total falta de credibilidade internacional. Ou será que o interesse de tudo isto radica na vontade de escapar à monitorização do tráfico de substâncias ilícitas?
Envolver e embrulhar o fugitivo ou refugiado, suposto responsável pela última tentativa de golpe, na bandeira portuguesa, entre agressões e insultos, apenas porque permaneceu algum tempo em Portugal após a intentona e daqui partiu para outro lugar qualquer, foi um ato de mau gosto, insultuoso e ignominioso e só classifica quem o faz, abaixo da linha, da fronteira entre aqueles que merecem a nossa consideração e os outros. Devemos dizê-lo alto e bom som.

Paulo Portas é o que é, um político europeu do sec.XXI, demasiado focado num tipo de democracia moderna (diplomacia económica, como ele diz), e que não sabe que o diálogo em África se inicia junto às raízes do imbondeiro. Este será o seu único pecado, podemos à vontade atribuir-lhe esses créditos. Mas entre isto e responsabilizá-lo por aquilo que se tem vindo a passar na Guiné, vai a distância da Terra à Lua, temos que frisá-lo. E estou tranquilo, para dizer o que digo, pois também o critico quando tenho que criticar. Podemos também acusá-lo de algum histerismo ou de certa ingenuidade, ou mesmo excessivo voluntarismo ao tratar com os africanos, na sua ânsia de justiça, ou melhor, com esta espécie de africanos. Porque não basta ter pele negra e nascer em África para nos auto rotularmos de mensageiros da negritude.

Somos africanos quando defendemos os valores da Liberdade e do Desenvolvimento, da sã convivência entre todos, dentro de África e dentro das fronteiras de cada país. O que eu queria mesmo, era ver estes senhores com bons projetos para o seu país, impondo-se pelo esforço e dedicação à causa do progresso e crescimento, e pela luta impiedosa contra o torniquete do subdesenvolvimento. Apenas isso e nada mais do que isso. Mas não é isto que hoje se passa na Guiné Bissau, sejamos muito claros. Na verdade, é fácil classificar o governo de Portugal de possuir atitudes colonialistas, quando o problema verdadeiro, hoje, na Guiné e noutros países de África, como a Nigéria (com recursos de petróleo que nunca mais acabam, e sobre a qual vimos há poucos dias um filme acerca da exploração desse ouro negro, à mão, pelos populares, que nem temos estômago para ver até ao fim), reside principalmente na vaidade e nos egos demasiado inchados, na falta de honestidade e de vergonha, e também na falta de capacidade para despir as vestes de colonizado; saber o que é colaboração e troca vantajosa de meios e "know-how"; exploração dos recursos do país para benefício dos cidadãos, humildade para analisar e copiar experiências com outros continentes mais avançados. Parece-me que esta é a incapacidade destes cavalheiros, militares e não só.

J.L.F.