Há dias, no programa "Frente a Frente" da SIC, Ângelo Correia defrontava o líder da bancada parlamentar do Partido Socialista, Carlos Zorrinho. Falavam da situação interna do PS e A. C. apontou a mudança de liderança, como a principal causa das perturbações que o partido tem mostrado.
Assim, comparou a personalidade e o modo de fazer política do atual secretário-geral, com a do anterior, o ex-primeiro-ministro José Sócrates. Refere o excesso de egocentrismo de Sócrates e para explicar o seu ponto de vista, não encontrou nada mais original do isto:
-“O PS no tempo de J.S.
tinha uma conceção socrático-cêntrica, isto é, o centro do mundo, o centro do
PS; a ideia era a imagem avassaladora, arrogante pouco dialogante do líder J.S…
(Carlos Zorrinho não consegue esconder um sorriso irónico). Houve alguém que disse uma frase notável:
J.S. tinha de si próprio uma noção tao forte e tao profunda, que ele nunca se
designou na opinião pública, com o nome do pai ou da mãe, mas apenas pelo nome
de si próprio. J.S. apenas, nunca o apelido do pai, ou o apelido da mãe; ou
seja, é ele por ele, independentemente das suas origens e das suas raízes, ele
é o centro do mundo, é a tal imagem socrático-cêntrica”.
Não sei onde Ângelo Correia foi buscar estas teorias, este
vocabulário “socrático” e estas análises pseudo freudianas da personalidade de
J.S. Para um político que está preocupado com o estado da nação e imbuído do
espirito de servi-la, o nome da mãe ou do pai, não têm relevância absolutamente
nenhuma, a meu ver. Se J.S., na sua vida privada e de militante do PS, já era
conhecido por esse nome, não sei por que carga de água haveria de ter mudado.
Não compreendo qual é o interesse para o país, que o
primeiro-ministro use o nome do pai ou da mãe. Nos últimos anos do consulado de
J.S., a sua vida familiar foi suficientemente verificada, até ao mais ínfimo pormenor e inspecionada à lupa,
chegando ao ponto de serem analisadas as contas bancárias dos seus parentes
mais chegados, com acusações de desvio de dinheiros para paraísos fiscais e
fuga aos impostos. J.S. foi dos líderes políticos portugueses mais escrutinados
e contra ele foi movida a mais feroz das campanhas, por parte da imprensa e da
oposição. Não foi por não usar o apelido familiar que o antigo primeiro-ministro teve melhor ou pior desempenho, nem a avaliação do seu governo deixou de ser feita mais rigorosamente, por esse motivo.
J.L.F.
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