Aconteceu ontem, em Armamar, distrito de Viseu. Dois irmãos, operários da construção civil, trabalhavam nas obras de uma mercearia. Perto, havia uma câmara frigorífica, para conservação de fruta. Trata-se de uma câmara especial, de ar controlado, o que significa que lá dentro, só existe um por cento de oxigénio. Quer isto dizer que, em caso de entrada indevida, por assalto, ou desconhecimento do risco, é morte certa, sem apelo nem agravo.
À primeira vista parece-nos que tudo está conforme a lei, mas talvez não seja bem assim. Este tipo de instalação, sem escapatória, nem recurso a alarme interior, mais se assemelha a uma ratoeira que a um verdadeiro local de trabalho. Conhecendo como conheço a nossa classe empresarial, e habituado a ver tanto encolher de ombros e lavar de mãos, tenho dúvidas que esta seja a melhor forma de manter em funcionamento um equipamento com estas caraterísticas.
Será que é exatamente isto que recomendam os preceitos de segurança para as câmaras frigoríficas? Se é, está mal, não deviam funcionar desta forma tão letal, sem margem para erros, sem uma pequena saída de emergência, nem oxigénio adicional, pois trata-se de homens e mulheres que no seu dia-a-dia de trabalho permanecem neste local e todos os cuidados são poucos, não devendo haver por isso lugar para estas autênticas armadilhas para lobos. Estará este género de dispositivo conforme as normas da UE? De tanto ver atropelos à lei e desrespeito pela legislação, fico bastante desconfiado.
Desta vez foram dois operários alheios à empresa, feitos ratoneiros de maçãs. Amanhã poderão ser outros, que se esqueçam das normas restritas e inadvertidamente entrem nesta morgue.
Deixo uma sugestão à ASAE: talvez seja altura para fazer uma vistoria completa, aos sistemas de segurança das câmaras de refrigeração e conservação de frescos, de norte a sul do país.
J.L.F.
Segundo o que ouvi há pouco na tv, a empresa proprietária destes armazéns não é uma mercearia, mas uma grande empresa de comercialização, conservação, importação e exportação de fruta. Também a Autoridade para as Condições do Trabalho, esteve a verificar as condições de segurança das instalações e constatou que as áreas de risco, estão bem assinaladas. Aqui fica portanto a devida correção ao meu post, "Aconteceu em Armamar".
ResponderEliminarMesmo assim, não vejo porque não há-de haver um mecanismo de emergência. J.L.F.