Trópico de Capricórnio

É a linha geográfica imaginária situada abaixo do Equador. Fica localizada a 23º 26' 27'' de Latitude Sul. Atravessa três continentes, onze países e três grandes oceanos.


sexta-feira, 25 de junho de 2010

McChrystal out Petraeus in


Por ter proferido declarações injuriosas contra o seu "team" na Casa Branca à revista norte americana "Rolling Stone", a administração americana, (que o nomeou para assumir o comando das tropas no Afganistão) e por ter chamado "bananas" aos seus colegas de equipe e entrando em choque com o vice-pres. Joe Biden, o Pres.Barack Obama aceitou a renuncia do Gen.McChrystal.Para o seu lugar é nomeado o Gen. David Petraeus, o cérebro da estratégia para o Iraque.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Ted Talks apresenta Jay Walker


Este primeiro vídeo é uma palestra do TED Talks, apresentada por Jay Walker. Jay é um gênio. Foi apontado pela TIME por duas vezes, como um dos 50 líderes mais influentes da era digital. Ele é dono de mais de 200 patentes importante. Suas empresas, do grupo Walker Digital, atende milhões de pessoas e vale bilhões de dólares. Mais do que empresário, ele é um colecionar e um bibliófilo e é dono da biblioteca particular mais maravilhosa de todo o mundo, curada por ele mesmo: a Biblioteca da Imaginação Humana, que recolhe o que há de mais importante em cinco mil anos de civilização.

Na Conferência TED de 2008, Jay Walker emprestou objetos e artefatos únicos para decorar o cenário, incluindo um satélite artificial Sputnik original e a Bíblia de Gutenberg. Assista agora e continue depois. A palestra está traduzida em 14 línguas, inclusive Português (nas legendas) e seu conteúdo é surpreendente, não perca por nada no mundo.

Experience The Walker Library of Human Imagination

É Hexa?

A vingança do Vaticano

                                       
                                  Intolerância

O selvagem ataque do Osservatore Romano a José Saramago, no dia seguinte à sua morte, mostra que o Vaticano continua a ter uma leitura puramente ideológica da literatura, esquecendo que Saramago, independentemente das suas ideias e convicções, é o grande escritor que é pela qualidade da sua escrita, pela mestria da sua linguagem e pela sua criatividade ficcional. E mostra igualmente que o Vaticano continua tão intolerante com os não crentes como sempre foi, como se o humanismo fosse um monopólio religioso. Não podendo já mandá-los para a fogueira da Inquisição, não poupa porém no ódio nem no rancor.
Se o Vaticano julga que desse modo pode apoucar postumamente o escritor, engana-se. Pelo contrário, há ataques que engrandecem.

Vital Moreira
Publicado no Blog "Causa Nossa" em 20.06.2010

domingo, 20 de junho de 2010

Pres. Obama got an ass to kick

Tony Hayward CEO da BP     
                                                          
Não existe algum CEO ou figura similar, que tenha sido tão consistentemente e inacreditavelmente auto-destrutivo como Hayward, especialmente neste mês passado. A sua imagem de um jovem promissor e flamejante foi completamente arrasada. Esse lindo sonho foi há apenas quatro anos. Se alguém tiver um candidato para um desempenho público pior do que Hayward, avise.

sábado, 19 de junho de 2010

José Saramago

A escrita de José Saramago transportava-nos através de uma viagem mágica onde as estórias fantásticas e as metáforas inesperadas faziam-nos pensar profundamente sobre o sentido e a verdade que imprimimos às nossas existencias.
José Saramago era um homem de um pensamento forte e marcante, cujas idéias jorravam em abundancia para um texto lucido e hipercriativo, caminhando por uma escrita singular, personalizada e imaginativa.
As polémicas de Saramago com a Igreja Católica são a expressão verdadeira e sincera de um homem inconformado, para quem não bastava engolir certos e determinados pensamentos dados como verdades absolutas e unicas, "empacotados" para consumo de uma vasta legião de crentes,que convivem confortáveis, instalados nos dogmas católicos, difundindo a idéia de uma matriz cultural que devemos preservar e que serve apenas para perpetuar um conservadorismo de pensamento unico, de totalitarismo e de "diktat" religioso.Saramago não trilhava estes caminhos e durante muito tempo sofreu o isolamento, imposto pela moral de extracção fascista dessa época.
Para José Saramago o mundo poderia ser substancialmente melhor e é essa a verdade que perpassa em toda a sua obra.
Obrigado, D. José, pelos bons e grandiosos momentos magicos que nos ofereceste.

José Luis Ferreira

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ferreira Gullar

                      
                       Convocado pela poesia

Em entrevista à revista cultural Dicta&Contradicta, o poeta Ferreira Gullar, prêmio Camões deste ano, fala de seu processo de criação e de seus anos de engajamento – e desilusão – na política

                        Criação poética

O poema não tem plano. Escrevo meio cego. É uma descoberta passo a passo, algo que vai sendo revelado a mim mesmo a cada momento. Eu nunca presto atenção no modo como construo um poema. O poema, para mim, é a grande aventura de como fazer. Costumo dizer em palestras para estudantes que, quando vou escrever um poema, a página está em branco, e isso significa que todas as possibilidades estão abertas, são infinitas. No momento em que sorteio uma palavra, reduzo as possibilidades, o acaso é menor. Mas não sei o que vai acontecer.

                           A alegria da escrita

O poema é cura, não doença. Escrevo para ser feliz, para me libertar do sofrimento, não para sofrer. É a alquimia da dor em alegria estética. Mesmo quando a coisa é doída, amarga, naquele momento a transformo no ouro que é o poema.

                            Engajamento

Quando escrevi romances de cordel na época da ditadura, queria fazer mais subversão do que arte. Estava usando a minha poesia para fazer política. A preocupação principal era levar as pessoas a ter consciência dos problemas sociais, como a reforma agrária, as favelas, a desigualdade. Não havia uma preocupação estética. (…) Lembro-me de quando fomos, com o Centro Popular de Cultura, à favela da Praia do Pinto, para fazer um espetáculo, um auto antiamericano, anti-imperialista. Quando chegamos lá, todos os adultos foram embora, ficaram só as crianças ouvindo o Vianinha (o dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho) berrar contra o imperialismo. Olhava aquilo e ficava pensando: “O que é isso? Pregando o anti-imperialismo para menino de 5 anos na favela da Praia do Pinto?”. Isso foi a um mês do golpe de 1964. Comecei a perceber que a ideia de fazer arte com baixa qualidade só para atingir o povo era falsa.

                            Enganos da esquerda

Vivi a experiência da União Soviética, em Moscou, e depois vivi o drama e a derrota do (presidente) Allende no Chile – eu estava lá quando ele foi derrubado. Tudo isso me levou a ter uma visão crítica em relação à revolução, em relação às coisas em que nós acreditávamos, aos procedimentos que adotávamos. Aprendi que a coisa era muito mais complexa do que imaginávamos. Sonhávamos em chegar ao poder – e então chegamos ao poder no Chile, com Salvador Allende. E aí? O que aconteceu? Houve uma grande confusão: as esquerdas não se entendiam. Os radicais queriam obrigar Allende a fazer o que não podia ser feito – o que ele sabia que não podia fazer, porque seria derrubado. No fim, foi a própria esquerda que causou a queda de Allende. Aquilo me deixou arrasado. Sacrifiquei minha vida, meus filhos, para me meter numa confusão dessas.

                            Comunismo

Um professor meu de economia política marxista lá em Moscou me disse o seguinte: “Você sabe quanto tempo levou para que em Paris houvesse, todo dia, às 8 da manhã, croissant para todo mundo, leite para todo mundo, pão para todo mundo, café para todo mundo, e tudo saindo na hora? Alguns séculos”. A revolução desmonta uma coisa que os séculos criaram. Agora, o Partido resolve, e não vai ter café, não vai ter pão, leite, nada. Resultado? Trinta anos de fome na União Soviética. Você desmonta a vida! E havia outra porção de erros: afirmavam que quem faz a riqueza é o trabalhador. Mentira! O trabalhador também faz isso, mas, se não existe um Henry Ford, não existe a fábrica de automóvel e não vai ter emprego para você. Nem todo mundo pode ser Bill Gates, nem todo mundo pode inventar uma coisa. Marx está correto quando critica o capitalismo selvagem do século XIX. Quando propõe a sociedade futura, está completamente errado.

                                 Invenção da realidade

Discordo quando dizem que a arte revela a realidade. Na verdade, a arte inventa a realidade. Afirmam que Shakespeare revelou a complexidade da alma humana; não, ele inventou a complexidade da alma humana. Nós vivemos no mundo da cultura. Quem vive na natureza é macaco e maçã. O índio já tem os mitos e já está dentro do mundo cultural dele, que foi inventado. A poesia é uma dessas criações, no terreno da fantasia, que existe porque a vida não basta. Eu escrevo para ser feliz, escrevo porque estou me inventando, para ser melhor do que sou.

                                     Incoerência

Eu sou incoerente, e a minha obra é incoerente. A Luta Corporal é muito diferente da minha fase de poesia concreta. O livro seguinte a essa fase, Dentro da Noite Veloz, é diferente do próximo, e assim por diante. Não tenho a preocupação da coerência. Se há alguma, está na busca, que muda sempre, porque, enquanto vivo, critico, penso, repenso e invento as coisas que experimentei. Se você quer ser poeta, se quer fazer poesia, se sente dentro de si essa necessidade, deve se entregar a ela sempre com paixão, pois não se inventa a realidade de graça.

                  Publicado na Revista Veja (Brasil)

Padre António Vieira

                               
                           Deus guie a nau onde estes forem os pilotos

Perguntou o Senhor, para que os senhores que mandam o Mundo se não desprezem de perguntar. Se pergunta a sabedoria divina, porque não perguntará a ignorância humana? Mas esse é o maior argumento de ser ignorância. Quem não pergunta, não quer saber; quem não quer saber, quer errar. Há porém ignorantes tão altivos, que se desprezam de perguntar, ou porque presumem que tudo sabem, ou porque se não presuma que lhes falta alguma cousa por saber. Deus guie a nau onde estes forem os pilotos.

Padre António Vieira

domingo, 13 de junho de 2010

A crónica de Vicente Jorge Silva

                                      
                              A tragicomédia das presidenciais (excertos)

A margem de manobra de quem quer que venha a ser o próximo Presidente da República será muito mais estreita do que o é hoje – uma margem que se aproxima perigosamente do fio da navalha. É nessa medida que faz sentido questionar a ambiguidade do regime, a mistura de géneros, as meias-tintas e o laborioso jogo de equilibrismo institucional entre o Presidente, o Parlamento e o Governo.
Não há soluções mágicas nem puras, entre o presidencialismo e o parlamentarismo. Mas o que agora parece insustentável é uma arquitectura constitucional que não assegura a plenitude das responsabilidades políticas aos principais poderes eleitos da democracia, dividindo-as e dissolvendo-as numa nebulosa que poderá ser trágica. A crise actual veio demonstrar que não faz sentido um Presidente eleito pelo povo mas preservado no limbo das responsabilidades executivas, assim como um Parlamento que abdica dos seus poderes para designar um Presidente cuja função – como na Alemanha ou na Itália – é essencialmente cerimonial.
Não foi decerto por acaso que este dilema trágico, que quase ninguém discute, degenerou numa comédia com expressões grotescas, quer à esquerda, quer à direita.
Questionou-se a candidatura de Alegre sem se proporem alternativas com nomes e caras visíveis – e sabe-se até que ponto a mesquinhez dos rancores pessoais se fez sentir no PS. Mas a feira de vaidades da direita revelou-se ainda mais penosa, com alguns figurões a porem-se em bicos de pés e fazerem-se desejados para uma candidatura que recusam assumir.
Que o desagrado com Cavaco por causa do casamento gay tenha proporcionado estes números lamentáveis e hipócritas – em que certas personagens de costumes libérrimos apareceram como supremos guardiões dos valores sacrossantos da família – é imensamente revelador da importância que se atribui às eleições e às funções presidenciais, tornando-as mesmo um pretexto anedótico de diversão… sexual.

Vicente Jorge Silva ( 11 Junho 2010 )

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Mundial de Futebol, 2010

           
Começa hoje o Mundial de Futebol de 2010 na cidade de Joanesburgo na África do Sul.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ferreira Gullar é o Prémio Camões 2010

                             
                      Gullar aos 80 anos    
  O prémio, vem distinguir o poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, argumentista de teatro e televisão, memorialista e ensaísta brasileiro.
Nascido em 1930, no Maranhão, Ferreira Gullar é o pseudónimo de José Ribamar Ferreira. Em Portugal a sua obra está publicada pelas Quasi Edições.Vencedor por duas vezes do Prémio Jabuti (1999 e 2007), Gullar foi ainda indicado ao Nobel em 2002.
O Prémio Camões foi criado por Portugal e pelo Brasil em 1989 e é o maior prémio de prestígio da língua portuguesa. O objectivo é distinguir um escritor cuja obra contribua para a projecção e o reconhecimento da língua portuguesa.
Com Gullar o número de escritores brasileiros galardoados passa a ser nove. O último escritor vencedor do Prémio Camões foi o cabo-verdiano Arménio Vieira (2009). Nos anos anteriores foram distinguidos o brasileiro João Ubaldo Ribeiro (2008) e o português António Lobo Antunes (2007)
O júri revelou que o prémio foi disputado entre o autor brasileiro e a portuguesa Hélia Correia.
Na primeira edição do prémio (em 1989), o escritor distinguido foi o português Miguel Torga.
         

Ferreira Gullar na poesia

                 
                              SUBVERSIVA
A poesia
Quando chega
Não respeita nada.

Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos
Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha

Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.

E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.

E promete incendiar o país.

Ferreira Gullar

Candidatos ao Man Booker Prize 2009







E a vencedora foi Hillary Mantel como monumental Wolf Hall.           

terça-feira, 8 de junho de 2010

A presença militar dos E.U.A. na base japonesa de Okinawa provoca a queda do 1º Ministro japonês.

  A presença militar continua dos E.U. no Japão tem sido uma preocupação crescente para o público japonês, e na semana passada, tornou-se o principal motivo para o afastamento do primeiro-ministro Yukio Hatoyama do cargo. O primeiro primeiro-ministro do Partido Democrata em meio século, tinha prometido durante a campanha eleitoral no outono passado que removeria uma base aérea chave para os E.U. para fora de Okinawa, e talvez para fora do Japão. Esta promessa rompeu com a tradição de seus antecessores de tratar a presença militar americana no Japão como um direito de nascença.
Apesar das intenções do governo Hatoyama, Washington recusou-se a renunciar ao pacto de 2006 entre as duas nações que permitam os seus direitos continuassem na base de Okinawa, quase 1.000 quilômetros ao sul de Tóquio. Um legado da Segunda Guerra Mundial,  em que 47 mil soldados dos E.U. estão baseados no Japão à distãncia de dois ou três dias de potenciais pontos críticos na península coreana e do Estreito de Taiwan. A queda de Hatoyama sugere que, apesar do desejo do povo japonês para uma presença reduzida de militares americanos, eles não estão dispostos a desistir da proteção que ela oferece. "Hatoyama entrou em dificuldade com o povo japonês, pois percebeu-se que ele estava a enfraquecer a segurança do Japão", diz Tom Schieffer,embaixador dos E.U. no Japão (2005-2009). "A segurança do Japão, está ligada à aliança EUA-Japão, e tem sido assim desde o fim da guerra."
O novo primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, confirmou o conservadorismo inerente da sua nação no domingo. Em 15 min. de um telefonema com o presidente Obama, o novo líder japonês prometeu que iria trabalhar para cumprir o acordo de 2006 em que os marines dos E.U. da base aérea Futenma em Okinawa seriam transferidos de suas actuais instalações apertadas para uma das zonas mais remotas da ilha. 
Com a região cada vez mais nervosa após os incidentes entrea Coréia do Norte e a Coréia do Sul em março, Hatoyama finalmente aderiu às exigências de Washington." Remover a base E.U. de Okinawa revelou-se impossível no meu tempo", disse Hatoyama quando ele anunciou sua decisão de renunciar.
Isso não vai acontecer tão cedo, em parte porque beneficiam ambos os lados do actual acordo. Os E.U. estão à distãncia de um soco e no meio de uma das regiões mais dinâmica, mas instável do mundo, enquanto o Japão está aliviado do peso das despesas de defesa adicionais que fazem pouco contribuem para ajudar a revitalizar a sua economia em declínio.
Os E.U. claro, logo após a eleição Hatoyama fizeram saber de que não tinha nenhuma intenção de recuar do leste da Ásia. Em outubro passado, o secretário de Defesa, Robert Gates, referiu-se à presença contínua em Okinawa como o elemento-chave" da estratégia de Washington no Leste da Ásia. "Isso não pode ser a alternativa perfeita para ninguém", disse ele no Japão, "mas é a melhor alternativa para todos". Em fevereiro o General Keith Stalder, que comanda os Marines no Pacífico, colocá-lo isto mais claramente. "Todos os meus Marines em Okinawa estão dispostos a morrer se for necessário para garantir a segurança do Japão", disse para uma platéia de Tóquio. "O Japão não tem uma obrigação recíproca de defender os Estados Unidos, mas é absolutamente necessário fornecer as bases de formação. Esse guarda-chuva levou o Japão e toda a região a um estatuto sem precedentes de riqueza e progresso social".
Com efeito, ao abrigo da constituição mais pacifista do mundo, o Japão só gasta cerca de 1% do seu produto interno bruto em defesa. Mas os japoneses - e especialmente os okinawanos, cuja ilha estava sob controle dos E.U. até 1972 e que atualmente hospeda 75% da presença militar no Japão - expressaram a irritação crescente no que eles percebem como o seu estatuto júnior na relação. OJapão, pagou cerca de US $ 30 bilhões aos E.U. para apoiar a presença militar no Japão desde 1978.
A razão para o acordo de 2006, para mover Futenma para novas instalações, numa parte menos povoada de Okinawa é que a cidade de Ginowan, agora invade as instalações actuais de todos os lados.
Para muitos, em Okinawa, Futenma e seus 2.000 funcionários americanos têm sido ruidosos e poluentes, símbolo da dominação contínua dos E.U. Mas os líderes militares insistem que, enquanto a Marine Expeditionary Force estiver baseada em Okinawa, eles precisam da base aérea, que lhes permite transportar rapidamente Marines para toda a região.

Os 10 piores desastres ambientais de sempre


                                    Grandes Desastres
1.Chernobyl
2.Bhopal
3.Kuwaiti Oil Fires
4.Love Canal
5.The Exxon Valdez
6.Tokaimura Nuclear Plant                                                     
7.The Aral Sea
8.Seveso Dioxin Cloud
9.Minamata Diseas
10.Three Mile Island

(Publicado na revista Time de 8.6.2010)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Africa do Sul,anos 70, após mais um crime do regime do apartheid,David Mestre explodia de revolta

               Em Soweto, Alexandra
Em Soweto, Alexandra
Buzina uma revolta
como dentes
 afiados

as flores agridem
a policia
no sexo

os anjos descem
de viaturas blindadas
e abrem fogo

sobre a multidão

 David Mestre
                               

A poesia de David Mestre


NAS BARBAS DO BANDO
E quem
nesta roda
riscou no peito
a ave
inviolável?

Qual de vós
apostou a morte
e perdeu?
Qual de vos
inegáveis patifes

navalhas encantadas
traçou no areal
a mais bela aventura
nas barbas
do bando?

David Mestre ("Nas Barbas do Bando")

"Blues" por David Mestre


BLUES (excertos)
Tua voz vem de dentro da cidade
de todas as ruas bairros e leitos da cidade onde houver um calor de pernas
contar o silêncio das horas guardadas a soco no sarilho dos ventres
com um jazzman a assobiar na escuridão dos pares
a memória ácida do chicote
nos porões do Mundo

David Mestre, poeta angolano

Tão velho como o mundo

                                                                                                                                                                                         
A diversão é uma necessidade vital para o homem. Ao lado da profissão mais velha do mundo.Sempre foi assim e sempre será. 
                 

domingo, 6 de junho de 2010

A Prova

Do outro lado da porta um homem deixa cair sua corrupção. Em vão elevará esta noite uma prece ao seu curioso deus, que é três, dois, um, e se dirá que é imortal. A gora ouve a profecia de sua morte e sabe que é um animal sentado.
És, irmão, esse homem. Agradeçamos os vermes e o esquecimento.

Jorge Luis Borges

Sabedoria borgiana

 "Não criei personagens. Tudo o que escrevo é autobiográfico. Porém, não expresso minhas emoções diretamente, mas por meio de fábulas e símbolos. Nunca fiz confissões. Mas cada página que escrevi teve origem em minha emoção”
                                                          
                                                      Instantes
Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida, claro que tive momentos de alegria.
Mas se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas. Se voltasse a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas já viram, tenho oitenta e cinco anos e sei que estou morrendo.

Jorge Luís Borges

O Suicida

Não restará na noite uma só estrela.
Não restará a noite.
Morrerei e comigo irá a soma
Do intolerável universo.
Apagarei medalhas e pirâmides,
Os continentes e os rostos.
Apagarei a acumulação do passado.
Farei da história pó, do pó o pó.
Estou a olhar o último poente.
Oiço o último pássaro.
Lego o nada a ninguém.

Jorge Luis Borges, in "A Rosa Profunda"

Contigo aprendi coisas tão simples


Contigo aprendi coisas tão simples como
a forma de convívio com o meu cabelo ralo
e a diversa cor que há nos olhos das pessoas
Só tu me acompanhastes súbitos momentos
quando tudo ruía ao meu redor
e me sentia só e no cabo do mundo
Contigo fui cruel no dia a dia
mais que mulher tu és já a minha única viúva
Não posso dar-te mais do te dou
este molhado olhar de homem que morre
e se comove ao ver-te assim presente tão subitamente

Ruy Belo

The George Benson Sessions: The Making of Songs And Stories


George Benson em estudio com Marcus Miller no baixo eléctrico.

Ousar Lutar,Ousar Vencer! (Memorial para um Homem Integro)

             
Há semanas que não blogo. Não pude. Não ousei.
É que escrever custa mais do que falar.
Escrever vem mais de dentro, puxa pelo que se sente. E há tanta coisa dolorosa, quase impossivel, de exteriorizar. O que se diz, diz-se, com mais ou menos emoção, não há tempo para controlar. O que se escreve impõe calibrar cada palavra, cada frase, cada ideia, cada sentimento. A escrita liberta, mas só depois de se poder articular o pensamento.
E às vezes a convulsão afoga.
Eu fiquei assim desde que recebi a noticia de que nos morreu o Zé Luis!
O golpe é irreparável.
O militante intrépido, o estratega culto, o orador brilhante, o organizador dedicado, o lider integro, o educador político exigente ('nós temos de estar entre os melhores estudantes', 'nós na prisão não falamos!). Mais tarde, o professor devotado, o comentador imperdível, o lutador contra a corrupção.
Ao país fica a fazer uma falta danada este combatente cívico. Ainda por cima num momento de crise profunda, que resulta do abandono da ética, da perversão da justiça e da subordinação da política a interesses económicos imorais. Num momento em que precisavamos, mais do que nunca, de ouvir vozes livres, lúcidas, persistentes, confiantes e positivas, mesmo nas mais demolidoras e sarcásticas críticas.
Vozes como a do Zé Luis Saldanha Sanches!
E realmente, não temos nenhuma outra igual, para nos ajudar a fazer da crise oportunidade.
Resta o conforto de continuarmos a contar com metade dele, a Mizé, fininha e fragilzinha por fora, rocha por dentro, embora escalavrada por esta suprema provação.
Mais forte ainda do que a memória gostosa do amigo, fica-me a luz do heroi que na juventude me marcou para toda a vida.
Sei que falo por toda uma geração: Ousar Lutar, Ousar Vencer!
Ousemos, pois.

Ana Gomes,deputada socialista
Transcrito na integra do seu blog Causa Nossa (post de 29 de Maio de 2010)

Bibi,o farsante

Só nos faltava mesmo mais esta: ver um compungido Bibi, de voz embargada e trejeitos contraídos, a queixar-se de que os rambos atacantes, que desceram de helicóptero sobre os navios turcos, foram - tadinhos - ... agredidos.
Com Bibis como este, para que precisa Israel de inimigos?
 
Impossível não começar e acabar, hoje, pelo Mediterrâneo: o acto de pirataria cometido por Israel em águas internacionais contra a flotilha de navios turcos que transportava ajuda humanitaria para Gaza abre os noticiarios e provoca manifestações de indignação em todas as latitudes.
Eu não fiquei propriamente surpreendida pela abordagem brutal israelita (recordo as imagens escalavradas de outros navios que Israel impediu de chegar às praias de Gaza), mas esperava uma calibragem mais inteligente em reacção à provocação que a flotilha representava - uma provocação justificável face a essa outra provocação à comunidade internacional que resulta do bloqueio israelita a Gaza (e ainda na semana passada Israel tentou estupidamente impedir uma delegação do PE de se deslocar a Gaza, forçando-a a entrar pelo Egipto).
Evidentemente que partilho a indignação e a condenação geral.
1. Pelos mortos - a esta hora já vão em 19 - e pelos feridos.
2. Pelos palestinianos - o bloqueio que Israel impõe a Gaza não é só desumano, ilegal e uma afronta às Nações Unidas, logo a todos nós: acaba por ser fuel da radicalização do Hamas e "desculpa" para a tirania deste em Gaza.
3. E também pelos israelitas - que parecem condenados a unir inimigos e alienar velhos aliados (agora os turcos, há semanas a Administração Obama), ficando com a sua segurança comprometida e a imagem do seu país deslegitimada pela vertigem machista dos politicos de extrema-direita que puseram no poder.

 Excertos (31 de Maio de 2010)

Ana Gomes,deputada socialista, no seu blog Causa Nossa

Israel, um Estado isolado.

                                                            
                            A Deriva Totalitária                
                                
              A paranóia colectiva do aniquilamento do povo de Israel transporta este Estado para uma deriva militarista e altamente agressiva . A grande questão é que as acções de Israel ultrapassam largamente o legítimo exercício à sua auto-defesa e combate ao radicalismo islâmico. Na prática, Israel decretou guerra a todos os Palestinianos e empurra todo o mundo árabe contra si.
             Para além de violar permanentemente resoluções das Nações Unidas, o bloqueio a Gaza é inumano: Israel diz combater o Hamas, mas, na prática, está a punir colectivamente os 1.5 milhões de pessoas que lá vivem. Pior: o bloqueio, que é feito em nome da auto-defesa de Israel, prejudica os próprios interesses de Israel, pois favorece e promove o extremismo palestiniano e muçulmano, o mesmo extremismo que Israel considera ser uma ameaça existêncial à sua sobrevivência. Como se sabe a Palestina era das sociedades mais laicas do Médio Oriente. Mas Israel, ao longo dos anos tudo tem feito para enfraquecer os moderados: a expansão dos colonatos - que não pode ser considerada uma acção defensiva - continua, o que fragiliza a posição da Autoridade Palestiniana e de todos os que (ainda) privilegiam a negociação. Não é sustentável dizer que todas as acções de Israel são justificadas pela defesa dos seus cidadãos. Não é sério dizer que só se negoceia com aqueles que renunciaram à violência, quando Israel continua a praticá-la, diariamente, de forma impune. A política de expansão dos colonatos não é algo a ser negociado quando a violência islâmica parar; é uma condição sine qua non para que todo e qualquer processo negocial credível possa arrancar. A expansão dos colonatos e a expulsão dos palestinianos das suas terras e o consequente roubo destas, os permanentes racionamentos de água, destruição de casas,cortes de luz diários,controles e barreiras são actos de pura violência e barbárie tão desprezíveis como as bombas e os rockets do Hamas. As consequências suicidas do militarismo Israelita, a cada dia que passa, tornam mais difícil encontrar uma solução política para esta tragédia.

José Luis Ferreira

Larry David volta em 2011


"Curb your Enthusiasm" a série de comédia da produtora de tv americana HBO, volta em 2011 com mais uma série de episódios.

Weekly Address: Speaking from Louisiana on the Oil Spill . A BP pagará até ao último cêntimo

Dizzy Gillespie : o coração do beebop

Dizzy Gillespie

O trompetista Dizzy Gillespie surge em meados dos anos 40 essencialmente como um dos simbolos dos virtuosos do jazz que mais tarde se vêm a transformar no movimento do beebop.
Se Charlie Parker foi a alma do bebop, Gillespie foi o seu coração e a sua face publica. 

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Turquia,Israel,EUA, Brasil - um jogo complicado de lideranças e pressões

O gigante euro-asiático mudou de rumo na última década. Depois de décadas como o mais fiel aliado de Washington no mundo muçulmano, o governo islamita de Erdogan empreendeu uma mudança radical na frente diplomática, colocando em causa as fundações da aliança com os Estados Unidos. A Administração Obama enfrenta agora pressões antagónicas dos países que mais lhe são mais próximos na região: Israel e Turquia. Por outro lado, os turcos têm tomado posições nos últimos tempos que se afastam dos interesses estratégicos dos americanos na região.
Como afirma Stephen Cook na Foreign Affairs, como se diz “frenemy in turkish?”. Membro do Council of Foreign Affaris, Cook escreve sobre o desenvolvimento das relações entre os Estados Unidos e a Turquia, onde os caminhos, apesar de não se terem separado, seguem nos dias de hoje rumos diferentes, e que podem entrar em conflito.
A Turquia pretende desempenhar um novo papel no mundo muçulmano, e o aprofundamento de relações com inimigos dos americanos, como a Síria ou o Irão, podem colocar problemas à relação bilateral. O recente acordo, desprezado por Washington, entre a Turquia, Brasil e Irão, criou problemas à estratégia americana para impedir Teerão de obter armas nucleares. As sanções exigidas pelos americanos ficaram dessa forma mais distantes. E o seu alinhamento ao lado da Síria e do Irão, países que apoiam o Hamas e o Hezbollah, poderá criar fricções com os Estados Unidos, tradicional aliado de Israel. Não por acaso os turcos têm tomado posições que vão contra os interesses de Israel, um país que até há bem pouco tempo era um próximo aliado da Turquia.
Esta semana o ministro dos negócios estrangeiros turco criticou abertamente os Estados Unidos por não terem condenado a actuação israelita. Obama, por já ter criticado duramente Israel no seu mandato, perdeu margem de manobra para o fazer e muito dificilmente o fará nesta questão. Uma boa parte do Partido Democrata e a esmagadora maioria do Partido Republicano apoia o direito de defesa de Israel e vários líderes dos dois partidos já disseram em público que esperam que a Administração se mantenha ao lado de Israel neste assunto. Uma resolução de condenação da ONU a Israel, por exemplo, contará certamente com o veto americano.
Caso exista em breve um novo conflito entre Israel e o Hamas ou Hezbollah, os turcos deverão manter-se ao lados dos inimigos de Israel, ao contrário dos americanos, que darão cobertura diplomática a Telavive. E aí poderá surgir outro momento de tensão entre EUA e Turquia. Obama tentará manter-se a navegar entre estas duas correntes, sem criar rupturas com nenhum dos lados. Mas não tenho dúvidas que se a corda esticar muito, ela acabará por partir para o lado turco.

Publicado no Blogue:"Era uma vez na América" em 2.5.2010

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O ex-Presidente da Republica Dr.Mário Soares faz o diagnóstico da situação politico-económica portuguesa e europeia

                    Alertas à Europa (excertos)
 O eminente filósofo e pensador alemão Jürgen Habermas escreveu no Die Zeit um "apelo à salvação da Europa", que foi traduzido no Courrier International (edição francesa), onde o li. Impressionou-me pela sua frontalidade nas críticas à sua compatriota a chanceler Angela Merkel, e à mediocridade dos actuais dirigentes europeus. Cita, aliás, uma frase de Durão Barroso, que é sintomática da situação que vivemos: "Se os Estados não querem uma união económica,então será melhor esquecer a União Monetária".
Helmut Schmidt e Valéry Giscard d'Estaing publicaram, na última semana, um apelo conjunto para "salvar o euro", respectivamente, no Die Zeit e no Le Point. Com a autoridade que lhes assiste, por terem sido dois europeístas convictos, que tanto fizeram para que o projecto europeu avançasse, enquanto governaram. Puxar pela cidadania europeia
Talvez os cidadãos europeus compreendam isto, se organizem e venham a pressionar os Estados para que avancem.
Os eurocratas e os actuais dirigentes europeus, apegados ao statu quo, parece difícil que tenham coragem para tanto. Mas se houver um movimento de opinião europeia nesse sentido, quem sabe, se ajudados pela angústia da crise, não se resolverão a marchar nesse sentido? Ora, a Europa da Zona Euro é uma Europa a 16.
O Reino Unido está fora disso e a actual coligação que o governa já declarou que nos próximos cinco anos a adesão ao euro está fora de questão. Aliás, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, agora nomeado, é um antieuropeísta militante...
Nesse apelo constatam que os Estados da União estão hoje divididos em três grupos: "a Grã-Bretanha, que é um caso à parte", com a qual não se deve contar; os Estados membros da União Europeia, que "preferem a cultura do antigo Mercado Comum e nunca manifestaram intenção de participar na defesa do euro"; e o grupo dos Estados da Zona Euro, a que chamam, curiosamente, a Euro-Europa. Por isso, dizem: "É a esses Estados que compete realizar as reformas acordadas no Conselho de 7 de Maio último. Entre as quais, a concertação das políticas orçamentais, que passará pela apresentação de um projecto, de cada Estado nacional, ao Conselho da Zona Euro, antes da respectiva discussão parlamentar." E ainda, "um calendário realista das reduções dos défices (...), de medidas visando a regulação dos mercados financeiros e da luta contra a especulação". Apesar do economista Stiglitz afirmar que não basta reduzir os défices, é preciso também criar novos empregos.
Acrescentam que Merkel e Sarkozy devem garantir, em conjunto, a segurança do euro, porque "têm um dever de intimidade entre eles". Foram, realmente, o motor da integração europeia, com parelhas de líderes históricos, como: De Gaulle e Adenauer; Helmut Schmidt e Valéry Giscard d'Estaing; Kohl e Mitterrand; e mesmo Schröeder e Chirac. O apelo dirige--se, pois, aos actuais. Não se trata, portanto, apenas de salvar o euro mas de dar um novo impulso à construção europeia, para que possa continuar a ser a segunda potência monetária e económica do mundo e, simultaneamente, uma terra de liberdade, de justiça social e de maior bem-estar das populações, com a capacidade para desempenhar um papel relevante na cena internacional, em aliança, obviamente, com a América do humanista Barack Obama. Mas, atenção, essa Europa, cujo motor é a dupla franco-alemã, tem 14 outros membros, com voz própria, unidos na igualdade e na solidariedade.
Será que os portugueses - e não excluo, com honrosas excepções, os políticos, os sindicalistas, os empresários, as mulheres e os homens de cultura e de negócios - têm consciência da confusão em que se encontra a União Europeia? E, ao mesmo tempo, das oportunidades que se lhes podem abrir ou não, se souberem superar a crise com que todos estão confrontados? Acredito que não. Mas a verdade é que não se lhes têm explicado, com verdade e sentido pedagógico, a situação de grande complexidade e hesitação, em que a União Europeia se encontra. Nem os Partidos - do Governo e da oposição - nem os sindicatos, nem a nossa tristíssima comunicação social, que só se ocupa - de novo, com honrosas excepções - de futebol, da intriga política, das desgraças, que todos os dias ocorrem, dos fait divers, da violência...
É verdade que não tem sido explicado, suficientemente, ao eleitorado em geral, o que está em jogo, no momento de crise que vivemos. Essa pedagogia faz falta e precisava de ser feita principalmente pelo Governo. Porque devia ter explicado qual a visão portuguesa do que queremos que a União Europeia venha a ser e de como devemos lutar para que o seja. Não o fez, até agora, com clarezaOs portugueses estão descontentes
Talvez mais do isso: estão inseguros quanto ao seu futuro, zangados e a deixar-se invadir pelo pessimismo. De novo a comunicação social tem culpas no cartório. Tem alguns profetas da des- graça de serviço, comentadores amargos e frustrados que, todos os dias, aparecem nas televisões a descarregar uma bílis contagiante sobre os telespectadores.
É preciso reagir. Tendo em conta, obviamente, que a situação actual é muito difícil. E que a crise está a afectar duramente muitos portugueses, nas suas vidas de todos os dias. E pior: está a atingir os mais desfavorecidos, os pobres, os desempregados, os velhos, com pensões de miséria, os imigrantes marginalizados, os jovens, saídos aos milhares das universidades, que são obrigados a ir para o estrangeiro ou a aceitar empregos menores. Mas também as classes médias baixas, a chamada "pobreza envergonhada", os pequenos comerciantes, arruinados pelas "grandes superfícies", os pequenos industriais, sem sucesso.
Ao mesmo tempo, os poderosos não são tocados. A impunidade reina, no que respeita ao despesismo do Governo central, órgãos de soberania, partidos, assessores e conselheiros e tudo o que vive e prospera à custa do Estado, das regiões autónomas, das autarquias e das empresas públicas e semipúblicas. Em 2009, muitos especuladores continuaram a enviar, tranquilamente, os seus capitais a render para os "paraísos fiscais", como se sabe ninguém lhes tocou, embora sejam responsáveis, em parte, pelo agravamento da crise. Sem que houvesse qualquer intervenção dos poderes públicos. Os arguidos de crimes de especulação continuam impunes. E a ostentação das riquezas, nas grandes cidades, parece imparável, ao mesmo tempo que se pede aos restantes portugueses sacrifícios muito duros e que apertem os cintos...
Assim se tem criado um sentimento difuso de injustiça, que gera, naturalmente, revoltas, as quais, numa sociedade livre como a nossa, se expressam - e ainda bem - através da opinião pública e nas ruas, de diversas formas legais e não violentas. O Governo deve ouvir as queixas e dar-lhes satisfação, na medida do possível, sob pena de as manifestações se tornarem violentas, como na Grécia. Atenção! As últimas sondagens exprimem um crescente descontentamento relativamente ao Governo e ao Partido que o apoia. Seria grave que à erosão financeira e económica, de que ainda não saímos, se juntasse uma crise política, que viria complicar tudo, sem nada resolver...
Por isso, saudei o acordo entre os dois líderes dos maiores partidos portugueses - PS e PSD - que fez subir as bolsas e desanuviou o clima de pressão e de guerrilha política em que estávamos a cair. É preciso, com bom senso e prudência, mantê-lo e mesmo desenvolvê-lo.
Uma opção tardia e infeliz.

  Mário Soares (ex-Presidente da República)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Clint Eastwood faz 80 anos

Considerado um dos maiores cineastas da atualidade, Elias Clinton Eastwood,Jr. completou 80 anos ontem 31Maio. Ícone do cinema dos anos 60, 70, 80, 90 e 2000, o ator, diretor e produtor passeou por vários gêneros (western, drama, policial, guerra, romance), tendo sempre como destaque um trabalho sério e cuidadoso. A cara quase sempre fechada e as falas carregadas de mau humor dos seus personagens, no entanto, não escondem outra característica que torna Eastwood um diretor genial: a sensibilidade.
Galardoado por quatro vezes pela Academia de Hollywood nas categorias de melhor director e melhor filme por "Unforgiven" e "Million Dollar Baby", Eastwood realiza e interpreta também um dos seus ultimos filmes:"Gran Torino"
 Clint Eastwood nasceu em São Francisco (Califórnia), filho de Margaret Ruth  e Clinton Eastwood , um opeário metalúrgico. De ascendência escocesa, inglesa, alemã e irlandesa, a sua família era de classe média e protestante.Trabalhou em várias profissões, por toda a costa oeste norte-americana. Durante a adolescência, morou em Piedmont, uma pequena cidade californiana, e em 1949 realizou o sonho de se formar na Universidade de Oakland. Após terminar a faculdade trabalhou como empregado num posto de gasolina, foi bombeiro e tocou piano num bar de Oakland.Foi convocado para o exército em 1950, mas o seu avião caiu em São Francisco. Escapou gravemente ferido e ficou por meio ano prestando depoimentos para a investigação da causa da queda. Este acidente fez com que não fosse para a Guerra da Coréia.
Fanático por jazz e exímio pianista, o diretor, que nasceu em São Francisco, Califórnia, insere sempre que possível o jazz nos eus filmes, que contam também com sua colaboração como compositor. Ao todo, Eastwood já dirigiu 33 filmes
Mesmo depois de ter declarado que não iria comemorar seus 80 anos e que não queria presentes, o cineasta ganhou uma homenagem da Warner Bros., da qual é contratado desde 1975. A empresa lançou, nos Estados Unidos, a coleção Clint Eastwood, com 35 filmes em que ele trabalhou como diretor e/ou ator.

Palavras sábias

«Quando um governo está financeiramente dependente dos banqueiros, estes e não os chefes do governo controlam a situação, porque a mão que dá, está acima da mão que recebe. O dinheiro não tem pátria; os financistas não têm patriotismo nem decência; o seu único objectivo é o lucro.»

Napoleão Bonaparte

Nota: em portugal assiste-se a uma situação caricata, que faz o cidadão comum interrogar-se: porque é que os BANCOS  só pagam 13% de IRC, quando todas as outras empresas pagam 25%? Porque é que estes cavalheiros banqueiros, previligiados e eleitos pela mão divina estão acima de tudo e de todos?