Trópico de Capricórnio

É a linha geográfica imaginária situada abaixo do Equador. Fica localizada a 23º 26' 27'' de Latitude Sul. Atravessa três continentes, onze países e três grandes oceanos.


domingo, 25 de dezembro de 2011

Diário de Bordo (2)


(continuação)


Não deverão estar permanentemente a gabar-se que temos isto e somos aquilo. Mais contenção, parcimónia e lembremo-nos que outros têm tanto como nós. Também têm uma cozinha farta, boas paisagens, tudo o que temos aqui, há por esse mundo fora… Hoje não há amigos e a China, a Índia e o Brasil, estão aí para competir - e em termos desiguais - com as economias mais desenvolvidas.

Quanto à Europa e aos problemas que agora se põem. A União Europeia que temos hoje, foi configurada pelo Tratado de Roma, com base nos problemas que se colocavam após o fim da segunda guerra mundial. Muito sucintamente, direi que esta união concedeu aos países que o assinaram, 60 anos de paz, prosperidade e bem-estar, como nunca antes a humanidade tinha experimentado. Sob o paradigma da cooperação e da regulação supranacional, os estados contribuíam para um fundo comum que por sua vez reverteria para beneficio e desenvolvimento dessas mesmas nações. O Estado Social previa o futuro garantido para milhões de cidadãos saídos dos escombros da guerra. Mas o mundo mudou e as economias emergentes (leia-se a China e a Índia), com a mão-de-obra barata, surgem para disputar o que ninguém esperaria. A queda do muro de Berlim, a abertura ao Leste e a assimilação desses países, numa Europa a vinte e sete impõe novos desafios e novos mercados em competição. Acresce a tudo isto, o mega poderio das instituições financeiras, principalmente nos EUA, as fraudes em cadeia, as bolhas imobiliárias, o 11 de Setembro, a desregulação e ausência de supervisão dos governos e dos organismos fiscalizadores e o colapso do sistema financeiro na América, tudo isso serve para alterar os dados do problema. A Europa necessita de uma nova UE com base num novo paradigma que ainda não foi inventado. Está para nascer, mas por enquanto está com as dores do parto. Quanto a Portugal, e a presumível saída da união monetária. Ninguém sabe, há analistas que dizem que isso será inevitável, outros afirmam o contrário. De qualquer forma, se isso acontecer será muito, muito mau. Mas não há nada insuperável e com certeza que os portugueses saberão desatar o nó do problema.
Portugal tem problemas específicos que deve ter em conta. Terá que olhar para outros países e, sem alterar a sua idiossincrasia deverá levar em consideração alguns aspetos. A Suécia por exemplo, é um país considerado rico, mas existe lá uma forma de estar sem espalhafato, é tudo bastante equilibrado, pareceu-me que as pessoas levaram um bom banho de bom senso, dá a sensação que todos os atos são muito bem pensados. Até o álcool foi em parte suprimido. Não se bebe com tanta facilidade como no resto do mundo. Se não lhes servia, souberam ter coragem de limitá-lo no dia-a-dia. A riqueza, entre os nórdicos, é muito melhor distribuída, mais equitativamente. Parece que o bem-estar atravessa toda a sociedade! Vemos um bom nível de vida generalizado. Não há tantos ricos, mas também não há tanta pobreza. A primeira vez que fui à Holanda, já há uns bons anos fiquei admirado com a maneira de vestir das pessoas, todas muito bonitas e com roupas caras. Em Portugal cada vez se anda com pior aspeto. Vamos para a periferia e assustamo-nos com o ambiente nas paragens dos autocarros. Não se trata só de imigrantes, gente de fora. Portugal exagerou na ânsia de mostrar ao mundo que somos grandes e podemos ombrear com os maiores. Não era preciso. Quando temos a certeza do que somos não precisamos de alardear e fazer foguetórios, ambiente de feira. E os nossos políticos às tantas transformaram o país numa feira. É esta a mentalidade que tem de ser mudada. O português passa facilmente do oito

(continua)

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