Lula deve assinar acordos comerciais - especialmente na área de exportação de carnes - e discutir, entre outros temas, a reforma no Conselho de Segurança da ONU e o programa nuclear do Irão.
Para os especialistas no entanto, o grande desafio do presidente do Brasil será sair da Rússia sem ser "enrolado" pela retórica de Moscou. O objetivo político de Lula com a visita é obter mais apoio para a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas (o Brasil tenta conseguir um assento permanente) e refrear possíveis sanções contra o Irão por conta de seu programa nuclear.
A Rússia vai ser ambígua, vai dizer que apoia até o fim a reforma, como já vem fazendo. Mas a verdade é que ela joga politicamente, não tem interesse em ver seu poder no Conselho de Segurança diluído entre outros países. A Rússia vem perdendo poder internacional há vários anos e não vai querer perder ainda mais com a reforma. Mas o país abre esse tipo de negociação porque tem interesses comerciais com o Brasil, tenta importar carne mais barata, tenta algum tipo de troca tecnológica na área de combustíveis com a Petrobras.
Irão também na agenda
Para os especialistas, o fato de Brasil e Rússia serem contrários a sanções da ONU ao Irão, não significa que eles têm a mesma opinião sobre o tema, mas sim que há uma coincidência separada por interesses muitos distintos.
Ao opor a sanções ao Irão, a Rússia tenta manter os Estados Unidos "ocupados" no Oriente Médio, abrindo caminho para maior influência de Moscou nos países do leste europeu.
A Rússia vê o Irão como uma chance de colocar empecilhos para os Estados Unidos, com duas guerras e um país que tenta construir a bomba atômica. Lula entrou nesse jogo perigoso de um jeito muito amador, tentando projetar sua imagem internacionalmente. Mas esse jogo de xadrez é mais complexo do que parece.
Para além de favorecer os interesses russos, Lula pode prejudicar a imagem do Brasil e do próprio governo no exterior ao se opor a sanções ao Irão.
Esta política externa pode ser um tiro no pé para os interesse internacionais do Brasil, apesar de a opinião pública brasileira ser a favor.
Diante da opinião pública mundial, a prova de fogo de Lula se dará no fim de semana, quando o presidente do Brasil vai a Teerão para se encontrar com as autoridades iranianas, uma retribuição à polêmica visita do presidente da República Islâmica, Mahmoud Ahmadinejad, a Brasília, em novembro de 2009.
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