O professor José M. Anes é um homem com uma grande nobreza de caráter, que não haja a mais pequena dúvida. É o presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo. Pertence à maçonaria e foi grão-mestre da Grande Loja Regular de Portugal. Apadrinhou Jorge S. Carvalho - o espião de quem se fala, suspeito de tráfico de influências - na sua entrada como membro da “società”. Até aí tudo bem. Não lhe fez o devido inquérito interno, como é uso e é da praxe entre os maçons, nos seus ritos iniciáticos; saltou o regulamento da Ordem, como ele mesmo admitiu. Também não é por aí. Mas já há algum tempo que estava desiludido com o seu pupilo, por saber que este usava e abusava do alto cargo que desempenha, dentro dos serviços secretos da República, o SIED. Tinha demasiados sonhos de grandeza e usava esse cargo e a própria maçonaria, em “benefício dos seus interesses pessoais e privados”, assim disse José M. Anes, que sabia há muito de tudo isto. Deixou passar os meses e os anos, ajudou a criar e alimentou o monstro. Nada disse, fez que nada se passava. Também, que diabo, qualquer um fecha os olhos a estas minudências!
Ora bem, sr. Dr., mas então não acha que está com os tempos
trocados? Se o acusasse de má conduta ética e propusesse o seu afastamento, há
um ou dois anos, ou mesmo quando começou o inquérito parlamentar onde ele agora
está a ser ouvido, o circo era outro. Mas o sr. não é garganta funda, e então vem falar numa altura em que se bate na
maçonaria com todas as ganas, vem para limpar o bom nome da Orden, da sua Loja,
e o seu, vem apenas defender o seu quintalinho, o seu terrenozinho. Ora,abóboras!
Não considera que deveria ter estabelecido um fio condutor, entre o alto cargo
que ocupa e aquilo que sabe e que vem prejudicando o país, tendo como base ou
ponto comum, o seu sentido patriótico ?
Não acha, sr. presidente, que tem o passo e o compasso
trocados? Veja que agora a dança é outra e já não estamos na era do foxtrot, ou
das valsas vienenses. É que o tempo agora, é de vampiros, sr. presidente! Há-os
por todo o lado, no cinema, na literatura, na televisão, nas altas esferas do
governo e até apadrinhados por si. E já agora pergunto: sabe de mais algum caso,
no ventre da baleia, dentro da Irmandade. Será este, caso único, ou teremos mais
declarações a conta-gotas?
Cada vez se torna mais atual a canção de Zeca Afonso. “Os
Vampiros”: Eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada”.
Esse sim, estava bem à frente, e nunca trocou o passo!
Jan.2011
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