Trópico de Capricórnio

É a linha geográfica imaginária situada abaixo do Equador. Fica localizada a 23º 26' 27'' de Latitude Sul. Atravessa três continentes, onze países e três grandes oceanos.


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Gaddafi e a Guiné-Bissau




Não compreendo o comportamento de certos dirigentes africanos. Refiro-me á Guiné-Bissau e ao anúncio feito pelo seu Primeiro-Ministro, Carlos G. Júnior, de que estariam dispostos a receber Muammar al-Gaddafi, em reconhecimento pelos ajudas prestadas pelo deposto coronel ao país, no passado, em investimentos políticos e económicos.

Mas Carlos G. Júnior, ao fazer esta declaração, esquece que as condições mudaram e Gaddafi é hoje um homem procurado pela polícia internacional (Interpol), com um mandato de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional e cujo país, sob a sua direcção, está sujeito à intervenção militar da NATO com mandato da ONU. Além disso, a acreditar na imprensa mundial e não só, pois guiamo-nos pelo que diz Hillary Clinton, Barack Obama e a maior parte dos dirigentes ocidentais na coligação, Gaddafi é um torcionário, responsável pela morte de milhares de compatriotas seus e um ditador tresloucado, com o culto excessivo da personalidade, que mantinha presos centenas de opositores, que os submetia a tortura, que se perpetuou no poder quarenta anos e que não hesitou em delapidar as reservas de ouro do país, vendendo várias toneladas para financiar a queda do regime e a sua possível fuga, e dando cobertura aos desmandos dos filhos e da restante família.

Diz o P.M. da Guiné-Bissau que, uma vez que não assinaram a Convenção de Roma, estão livres para receber os seus amigos. Pois é, não assinaram mas deviam ter assinado! Também não assinaram a Carta das Nações Unidas e dos Direitos do Homem? E dos Direitos da Criança? E dos Direitos da Mulher? E dos Direitos das Nações?
Pois, mas ainda vão a tempo de assinar esses tratados, por que se regem as nações livres e modernas.

A Guiné, país que eu prezo e onde tenho bons amigos, tem sido falada nos últimos anos, pelos aspectos negativos da sua vida como nação. Foi o caso do brutal assassinato de Nino Vieira e não há dia nenhum que não se fale do tráfico de droga. Parece ter-se tornado a placa giratória do tráfico internacional de droga e o lugar privilegiado para operações clandestinas dos cartéis.

Agora anseia receber um criminoso de guerra, talvez fazendo contas ao dinheiro do ouro que pertence ao povo da Líbia e que “o grande amigo” promete distribuir de forma generosa; ou estarão pressionados pela OUA (Organização Unidade Africana), ou pela Liga Árabe, ou mesmo pelos EUA em troca de fechar os olhos ao tráfico? Sinceramente, não acredito nestes cenários, todos eles demasiado rebuscados.
Mas que se passa então com a Guiné-Bissau? Será que não há outra forma de viver senão permanentemente do lado selvagem da vida?

É caso para dizer, que sina é esta da Guiné.
José Luis Ferreira

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