Fernando Nobre é um homem de honra. Não tenho dúvidas nenhumas que saberia desempenhar o cargo de Presidente da Assembleia da República com sabedoria, bom senso e equidade. Erros cometem todos, até o mais tarimbado dos deputados. Robespierre também errava como os outros.
Uma simples frase sentenciou-o, aniquilou-o e matou-o politicamente. Mas o que disse F. Nobre? Apenas isto: “-se for para o Parlamento, só para o cargo de Presidente e nunca para deputado.”
O fantasma da Maçonaria passeou hoje pelos claustros e pelas arcadas do Parlamento. Soubemos esta manhã que F. Nobre é maçónico, como o são a grande parte dos nossos dirigentes. Ou dessa sociedade exclusiva e reservada ou então da Opus Dei.
O que hoje se passou nas votações dos grupos parlamentares e nos Passos Perdidos, se por um lado demonstra a maturidade e o civismo da democracia portuguesa, (na Mongólia, na Colômbia ou no Cazaquistão voariam cadeiras, e haveria cabeças partidas), por outro põe a nu o desacerto e fragilidade da coligação. E a ingenuidade de Passos Coelho. Portas fritou-o em lume brando e mastigou-o com requintes de malvadez.
Faltou afinação à máquina política. Faltou sentido político e estratégia conjunta.
Foi pungente assistir ao espectáculo da humilhação pública de um homem de honra. Fica a lição para o futuro. Um médico de craveira internacional, presidente da AMI, com um extenso currículo de ajuda humanitária por zonas de conflito armado agudo no mundo, deveria ter maior sentido de permanência na sua profissão. Ainda teria um longo caminho a percorrer, estou certo. Trabalho não lhe faltaria. Mas o chamamento do serviço público poderá ter pesado e ser mais forte.
Não serei eu a julgá-lo nem lhe atirarei a primeira pedra.
J.L.F.
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