Trópico de Capricórnio

É a linha geográfica imaginária situada abaixo do Equador. Fica localizada a 23º 26' 27'' de Latitude Sul. Atravessa três continentes, onze países e três grandes oceanos.


sexta-feira, 15 de julho de 2011

Crise nos EUA. Proposta republicana para salvar o tecto da dívida

Ben Bernanke alerta para uma "calamidade financeira" se o tecto da dívida norte-americana não subir

O líder dos republicanos no Senado americano, Mitch Mc-Connell, ofereceu ontem a Barack Obama a "última opção" para acabar com o impasse nas negociações entre republicanos e democratas em relação à subida do tecto da dívida federal. Uma vez que é pouco provável um acordo sobre os cortes nas despesas até 2 de Agosto - data a partir da qual os EUA entram em incumprimento -, McConnell sugeriu que Obama passasse a ser autorizado a aumentar o limite dos empréstimos a que o governo federal pode recorrer sem aprovação prévia do Congresso.

A opção agradou à Casa Branca, já que os democratas acreditam que a medida permite evitar cortes orçamentais na segurança social, no Medicare e no Medicaid. A proposta. no entanto, não caiu bem entre muitos conservadores, que viam nos cortes um preço na negociação dos seus votos para aprovar o aumento do tecto da dívida.

A democrata Nanci Pelosi, líder da minoria na Câmara dos Representantes, defendeu a proposta e disse que "o que o líder McConnell pôs em cima da mesa reconhece que temos de subir o tecto da dívida". O líder da maioria na Câmara dos Representantes, Harry Reid, afirmou que ainda está a "estudar [a proposta] e a discutir com os senadores", mas que está agradado com o que lê, que considera uma proposta séria.

O senador republicano da Carolina do Sul Jim DeMint, numa entrevista dada ontem à CBS News, criticou o plano de contingência do líder conservador, por tornar mais fácil para o governo gastar ou pedir dinheiro emprestado. David Schweikert, congressista do Arizona, considera que, "se ambas as partes conseguirem aquilo que querem, é provavelmente uma má proposta". Mesmo alguns democratas estão cépticos em relação ao plano apresentado a Obama e criticam McConnell por ter atirado as responsabilidades para o presidente. Peter Welch, congressista democrata do Vermont, considera que "esta proposta não tem coluna vertebral".

Mas também há republicanos confiantes na proposta. Numa entrevista à Fox News, o republicano John Boehner, presidente da Câmara dos Representantes, afirma que "todos acreditam que há necessidade de um plano alternativo se não se conseguir chegar a um acordo", e acrescentou: "Sinceramente, acho que Mitch [McConnell] fez um bom trabalho ao sugerir esse plano". Boehner mostrou sinais da sua disposição de aceitar a proposta, até porque o líder republicano teme as repercussões no partido da falta de um acordo. Se não se aumentar o tecto da dívida e a administração americana entrar em incumprimento, os republicanos temem ser vistos como os maus da fita. As divisões entre os republicanos poderão, no entanto, complicar as negociações.

 O presidente da Reserva Federal norte- -americana, Ben Bernanke, alertou ontem, num discurso no Capitólio, para os riscos de não se autorizar o governo federal a recorrer a financiamento externo. "Se o tecto da dívida não for elevado, ocorrerá uma calamidade financeira" e uma deterioração da economia. É a primeira vez que Bernanke se pronuncia de forma tão forte sobre o tema, a pouco menos de três semanas do prazo final estabelecido pelo Departamento do Tesouro. O presidente do banco central norte-americano defende que os Estados Unidos deixarem de pagar os juros da dívida "pode ser o suficiente para criar uma queda no rating da dívida e juros mais altos para os EUA, o que seria contraproducente".

Bernanke mostrou-se contra os cortes prematuros no orçamento da administração e considera que o Congresso e a Casa Branca deviam optar por reduzir as despesas numa perspectiva a longo prazo sobre o défice. "É preciso evitar contracções acentuadas a curto prazo, porque isso iria enfraquecer a recuperação económica do país", disse o presidente da Reserva Federal.

A administração de Barack Obama tem noção dos perigos que corre a economia americana caso as negociações se mantenham num impasse. Ontem, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, declarou que não existe alternativa a aumentar o limite da dívida federal. Não se trata de "resolver o problema, mas sim de lidar com as consequências de uma decisão catastrófica", disse. Carney é peremptório: sem um acordo, o governo federal vai ter de fazer "escolhas terríveis" quanto àquilo que deve pagar primeiro. "Não há alternativa. Ou se cumprem as obrigações ou não, e, se não, terão de ser feitas escolhas quanto a dívidas a pagar", referiu o porta-voz da Casa Branca. 

Jornal I



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