Trópico de Capricórnio

É a linha geográfica imaginária situada abaixo do Equador. Fica localizada a 23º 26' 27'' de Latitude Sul. Atravessa três continentes, onze países e três grandes oceanos.


terça-feira, 29 de março de 2011

O Caso do menino Rui Pedro

Bem sei que na América, também há erros clamorosos da Justiça. Por vezes são libertadas pessoas que depois de passarem 20 anos presos se descobre que afinal estavam tão inocentes como um bebé de fraldas. Através dos testes de ADN que não havia na altura. Ou pura e simplesmente por injustiça cruel. Ou então por aplicação de uma Justiça que não representava o mosaico racial do país. Na América é assim. Se se julga um americano negro, o júri deve ser composto por cidadãos negros, em parte ou na sua maioria. Compreende-se. Para salvaguardar a pureza dos veredictos. Mas bastaram seis meses para julgar Bernie Madoff.

O menino Rui Pedro desapareceu há 13 anos. Só esta semana o Ministério Público deduziu a acusação contra o alegado raptor. Que esteve entre nós este tempo todo. Comeu, quase, à nossa mesa. Treze anos. Havia pistas evidentes. Nada se fez. A Polícia enredou-se na sua própria teia de incompetências. Sei lá o que se passou nos corredores da investigação. Nem quero saber. Não quero saber de pormenores escabrosos no âmbito da investigação. De porcaria está o mundo cheio. Nem tão pouco de histórias picantes da procuradora Cãndida Almeida.

Marcelo R. de Sousa vai buscar o argumento da falta de colaboração entre a Interpol e as polícias regionais. Patati, patatá. Blá, blá,blá… Toda a gente sabe do enorme buraco a céu aberto que é a Justiça portuguesa. Os processos arrastam-se nos tribunais. É uma justiça kafkiana. De comendas e louvaminhas. Palmadinhas nas costas. De magistrados jubilados e orações de sapiência. De beca, rabeca, réplica, tréplica e outras flores de retórica. Perpétuos canudos. Saudades coimbrãs. Cheios de sabedoria e técnica aprimorada, do melhor que existe a nível mundial. Temos notícia dessa excelência. Mas não me digam é que há treze anos, não se valorizava como agora a pedofilia. Nem se atribuía tanta importância ao desaparecimento de crianças como agora, depois do caso Maddie. Não me digam, que me põem tenso. A mãe do Rui Pedro há treze anos que bate a todas as portas. Há treze anos que todos os dias a mãe de Rui Pedro chora lágrimas de sangue com saudades daqueles olhinhos ternurentos.

José Luis Ferreira

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