Trópico de Capricórnio

É a linha geográfica imaginária situada abaixo do Equador. Fica localizada a 23º 26' 27'' de Latitude Sul. Atravessa três continentes, onze países e três grandes oceanos.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Protestos no Egipto resultam em confrontos no Cairo e em Suez

 









Milhares de manifestantes voltaram esta quarta-feira a sair à rua no Egipto desafiando a proibição das autoridades. Houve confrontos com a polícia no Cairo e em Suez e mais de 800 pessoas foram detidas durante os dois dias de protestos.

Pelo menos 2000 pessoas manifestaram-se na cidade de Suez, onde esta terça-feira morreram três pessoas nos confrontos, adiantaram testemunhas citadas pela AFP. No Cairo os manifestantes também voltaram a sair à rua - milhares, segundo a Reuters - concentrando-se junto ao Supremo Tribunal, gritando "queremos a queda do regime" e atirarando pedras à polícia, que respondeu com gás lacrimogéneo.
O primeiro-ministro egípcio, Ahmed Nazif, disse à agência de informação estatal que o Governo está empenhado em possibilitar a liberdade de expressão no país "por meios legítimos", mas adiantou que a polícia reagiu aos protestos "com contenção". Segundo fonte do Ministério do Interior egípcio, citada pela Reuters, nos últimos dois dias foram detidas cerca de 500 pessoas, mas mais tarde diversos órgãos de informação noticiaram a detenção de mais de 800 pessoas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou às autoridades egípcias para aproveitarem esta ocasião para "se interessarem pelos problemas legítimos das pessoas", adiantou o seu porta-voz, Martin Nesiry. "A ONU está a acompanhar de perto as manifestações e a tensão no Egipto e na região, e o secretário-geral apela a todos os envolvidos para que a situação no Egipto não conduza a mais violência", adiantou.
Centenas de manifestantes juntaram-se em frente à morgue em Suez para pedir que o corpo de um dos manifestantes mortos fosse entregue à família, adiantou a Reuters. Gritaram "o Governo matou um nosso filho".
Várias manifestações foram marcadas pelo grupo de opositores 6 de Abril para esta quarta-feira "e para depois, até [o Presidente] Moubarak se ir embora".
O Governo tinha avisado que não iria permitir novos protestos nas ruas como os da véspera, em que morreram quatro pessoas, e adiantou que todos quantos tentassem manifestar-se seriam detidos. Estas são as maiores manifestações no Egipto desde que o Presidente Hosni Moubarak chegou ao poder, em 1981.
"Nenhuns movimentos provocadores nem reuniões de protesto, marchas ou manifestações vão ser permitidas. Procedimentos legais serão tomados imediatamente e os participantes entregues às autoridades de investigação", afirmou na terça-feira o ministro do Interior, citado pela agência noticiosa estatal MENA.
Mais de 20.000 pessoas protestaram ontem em várias cidades do país, num "dia da ira" contra a pobreza e a repressão de Hosni Mubarak, inspiradas pela "revolução dos jasmins" que na semana passada fez cair o chefe de Estado na Tunísia.
Esta manhã era feita uma actualização do número de mortos nos confrontos que ocorreram na véspera, passando a um polícia, no Cairo, e três manifestantes, todos na cidade de Suez. A agência noticiosa britânica Reuters, citando uma fonte médica, identificava o terceiro manifestante morto como Gharib Abdelaziz Abdellatif, de 45 anos, que terá perecido já hoje no hospital.
A manhã começou tranquila nas ruas da capital egípcia, apesar de milhares de manifestantes terem ameaçado não abandonar a praça de Tahiri, no centro do Cairo, até ao derrube de Mubarak.
Pelas primeiras horas de hoje a polícia tinha já toda a zona sob controlo, e foi testemunhada a existência de um forte aparato de segurança na capital e a detenção de alguns grupos de jovens do sexo masculino por toda a cidade – nomeadamente junto a um complexo de edifícios de tribunais, no centro do Cairo, onde começaram alguns dos protestos de ontem.
Durante a noite as forças de segurança continuaram a dispersar os manifestantes, com canhões de água e gás lacrimogéneo. Já de madrugada, as ruas estavam vazias e o trânsito fluía normalmente.

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