Manuel José é um homem com ideias próprias. Não manda recados, não tem papas na língua, chama os bois pelos nomes. È idolatrado no Egipto e sabe retribuir esse carinho. Não pode sair à rua, tal é a popularidade que granjeou, e quando sai a pé, chega a reunir à sua volta cem ou duzentos adeptos do clube onde presta serviço. Algarvio dos sete costados, é portanto um homem com a coluna vertebral bem direita.
Quando todos esperavam que M J. abandonasse o Egito, alegando falta de condições para trabalhar e com isso exigisse, como todos fazem, choruda indemnização ao Al Ahli, eis que M.J. surpreende-nos com a decisão de voltar já de seguida para perto dos descendentes de Tutankamon, novamente para as areias do deserto, para a terra de Abdel Nasser. Abordado pela imprensa à sua chegada ao aeroporto de Lisboa, M.J. faz um elogio rasgado ao povo egípcio, diz que é um povo caloroso, excecional e que ele próprio tem uma relação com eles de tal maneira intensa que não sabe bem donde é que surge tanta empatia. Faz-nos crer que os espíritos dos faraós se integraram na sua mente e o transformaram num agente da concórdia, acima do bem e do mal. Faz bem M.J., em ter esta forma de estar na vida, sempre independente, direto, frontal, não-alinhado com a previsibilidade e com as opiniões de quem não sabe, não se informa, mas tudo pensa conhecer, tudo pensa dominar.
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