simbolos maçónicos |
Quanto a mim, esta história do registo de interesses para verificação de incompatibilidades dos titulares de cargos públicos e a obrigação de declararem a sua filiação maçónica, não passa de folclore e de música para entreter os incautos. É uma cínica ideia, jogada à praça pública, para desviar as atenções e apenas para lançar cortinas de fumo sobre as verdadeiras questões.
Por este andar, trataremos os políticos como meras crianças irresponsáveis ou inimputáveis, coisa que eles declaradamente não o são.
O nó do problema coloca-se quando perguntamos o que andam estes sujeitos a fazer lá metidos dentro, à volta de símbolos anacrónicos e estapafúrdicos? Porque não há inquéritos rigorosos por parte do Ministério Público? Porque é que não há uma investigação séria, exaustiva, competente e permanente, a nível nacional, a estas Lojas e Ordens que proliferam pelo país? Porque não há coragem para penetrar a fundo no amago destas casas e casinhas, centros nevrálgicos de muito tráfico de influencias que envenenam a sociedade portuguesa? Porque é que nunca há suspeitas sobre estas associações com nomes esquisitos e hábitos restritos? Serão eles melhores que o comum dos mortais? Porque é que um simples comerciante, feirante ou empresário não vende uma agulha que não tenha à perna toda a ASAE , como um enxame de abelhas à volta do mel, enquanto estes cavalheiros se passeiam, ostensivamente, cantando e rindo, trambicando tudo e todos? Porque é que não se acaba de uma vez com esta mentalidade de quintalinhos e terrenozinhos, destes senhores grão-mestres, saudosistas, oligárquicos e feudais?
Não é a maçonaria que faz o homem; a maçonaria e as religiões, as crenças e as seitas existem há centenas e há milhares de anos e nem por isso o Homem melhorou a sua índole. Cada vez há uma maior diversidade de cultos religiosos, prometendo o céu e a Terra e não há notícia de que a evolução do Homo Sapiens esteja a caminhar no sentido do seu aperfeiçoamento intrinseco ou da pureza de princípos. Não seremos mais ou menos responsáveis por pertencermos à Irmandade maçónica, assim como não sou melhor por ser católico ou protestante, xiita ou salafita, budista ou espiritualista.
Não é por andar de esquadro e compasso (símbolos maçónicos) na mão a medir os meus atos que serei melhor indivíduo, nem amanhã me tornarei um homem probo, se me converter ao Islão ou for para as Testemunhas de Jeová.
A liberdade de associação, de religião, de expressão e a livre opção política devem ser princípios estritamente respeitados, sendo por conseguinte inegociáveis. Um país livre deve ter como lei fundamental o respeito pelas opções de consciência dos seus cidadãos.
Nos EUA, a primeira emenda, que faz parte da lei fundamental e da constituição americana defende exatamente esse direito. Aliás é, em torno dessa lei básica que os Pais da Nação edificaram a grande nação americana:
Retirei da Wikepédia alguns excertos da Constituição do EUA para melhor ilustrar estas considerações:
A Primeira Emenda (a I Amendment) da Constituição dos Estados Unidos da América impede, textualmente, o Congresso dos Estados Unidos da América de infringir seis direitos fundamentais. O Congresso passa a ser impedido de:
Estabelecer uma religião oficial ou dar preferência a uma dada religião( a "Establishment Clause" da primeira emenda, que institui que institui a separação entre a Igreja e o Estado)
- Proibir o livre
exercício da religião;
- Limitar a liberdade
de expressão;
- Limitar a liberdade
de imprensa;
- Limitar o direito de livre associação
pacífica;
Mas não é por atribuirmos ao cidadão plena liberdade de escolhas e pensamento, que quem de direito deve afrouxar a vigilância e fiscalização sobre estas organizações de entreajuda suspeita.
Prefiro que se legisle no sentido inverso: aqueles que incorrerem em faltas graves passíveis de causar prejuízo ao país serão criteriosamente investigados, julgados e condenados com agravamento das penas, devido à situação de exceção em que nos encontramos.
Comparo esta situação do registo de interesses para os
maçónicos, à legislação sobre as armas nos EUA. Muito sucintamente, digo que
lá, a lei autoriza a posse armas, bastando para isso que comprovem ter o
cadastro limpo. Em contrapartida há penas pesadas para os crimes de sangue.
Porque não seguir este princípio, salvando as devidas proporções? A
Constituição dos EUA diz, na sua Segunda Emenda, sobre o direito de possuir uma
arma: "Sendo necessária à
segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o
direito do povo de possuir e usar armas não poderá ser impedido
**************
Estamos, portanto, perante uma situação dúbia, de contornos pouco claros. Não há vontade política nem jurídica para mexer seja no que for. Há forças demasiado poderosas e gente muito bem colocada na hierarquia do Estado, que se deixa capturar pela troca de favores e benesses, para que alguma coisa seja feita, tendo por finalidade o desmantelamento do monstro multicéfalo.
Entretanto, vai-se gastando milhões e milhões de euros em reportagens de televisão, em diretos ou talk shows, cobrindo e dando voz a declarações vazias e sem sentido, apenas para gastar tempo e entreter o pobre pacóvio, o bom do Zé Povinho.
**************
Estamos, portanto, perante uma situação dúbia, de contornos pouco claros. Não há vontade política nem jurídica para mexer seja no que for. Há forças demasiado poderosas e gente muito bem colocada na hierarquia do Estado, que se deixa capturar pela troca de favores e benesses, para que alguma coisa seja feita, tendo por finalidade o desmantelamento do monstro multicéfalo.
Entretanto, vai-se gastando milhões e milhões de euros em reportagens de televisão, em diretos ou talk shows, cobrindo e dando voz a declarações vazias e sem sentido, apenas para gastar tempo e entreter o pobre pacóvio, o bom do Zé Povinho.
J.L.F.
Sem comentários:
Enviar um comentário