É madrugada em New York City. Desci agora na 42nd Station. Está frio e o nevoeiro não deixa ver nada. Vou para Greenwich Village, mas resolvi parar um bocado aqui, frente ao Hudson River para respirar um pouco. O nevoeiro de NYC é uma coisa única. Mais uns dias e ninguém consegue andar nas ruas. A neve vai tomar conta de tudo. Vim de Harlem e esteve uma noite fantástica, divinal. Passei algumas horas a ouvir jazz. Parker ainda é quem domina tudo, mas morreu há alguns dias. Coltrane anda por aí, a tocar o sax melhor que nunca e também é supremo. Como ele bem diz, num dos seus temas: “A Love Supreme”. Mas vim de um pequeno tugúrio lá, em Harlem e vi um miúdo de 22 anos, com uns óculos que lhe tapam a cara e uns olhos bicudos que duvido que vejam alguma coisa. Ainda estou zonzo de tanta música! Está completamente pedrado. É um branquinho que me derreteu os neurónios. Chama-se Bill Evans e tem uma técnica e uma cultura de jazz como nunca vi! Uma sensibilidade para a música de NYC e dos nossos irmãos blacks, como eu nunca pensei ouvir. Parece um” nigger”, man! Tocou este “I will say goodbye” e quem disse goodbye à vulgaridade e ás coisas que não prestam fui eu. Agora encontrei alguém que sabe realmente transmitir este ambiente de NYC ao piano. É do outro mundo, este miúdo. Caí de joelhos com tanto feeling e tanta musica junta. Se puderem não percam. È Bill Evans.
J.L.F.
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