Trópico de Capricórnio

É a linha geográfica imaginária situada abaixo do Equador. Fica localizada a 23º 26' 27'' de Latitude Sul. Atravessa três continentes, onze países e três grandes oceanos.


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Os países não são grandes empresas a competir no mercado global

Por: Paul Krugman (excerto)

Os interesses das grandes empresas nominalmente americanas e os interesses do país nunca foram o mesmo, mas actualmente estão menos alinhados do que nunca
Mas não nos enganemos a nós mesmos: falar de “competitividade” como objectivo é basicamente enganador. Na melhor das hipóteses é um diagnóstico errado dos nossos problemas; na pior, pode dar origem a políticas baseadas na ideia incorrecta de que o que é bom para as empresas é bom para a América.
No que diz respeito ao diagnóstico errado, que sentido faz ver as nossas preocupações actuais como um resultado da falta de competitividade? É verdade que se exportássemos mais e importássemos menos teríamos mais emprego. No entanto, pode dizer-se o mesmo da Europa e do Japão, cujas economias também estão em recessão. E não podemos todos exportar mais e importar menos a não ser que descubramos outro planeta a quem vender. Sim, podemos pedir à China que reduza o superavit da balança comercial - mas se o que Obama propõe é enfrentar a china o melhor é dizê-lo claramente.
Além disso, embora a balança comercial dos Estados Unidos seja deficitária, melhorou em relação à época anterior à Grande Recessão. Era melhor que o défice se reduzisse ainda mais, mas em última análise se estamos metidos num sarilho é porque tivemos uma crise financeira.
Mas não será pelo menos útil pensar no nosso país como uma espécie de EUA SA, em competição no mercado global? Não.
Pensemos no seguinte: um administrador que aumente os lucros espremendo ao máximo a força de trabalho é considerado bem sucedido. Foi mais ou menos o que aconteceu nos Estados Unidos ultimamente. O emprego está em mínimos históricos, mas os lucros batem novos recordes. Nesse caso, quem tem razões para pensar que se trata de um êxito económico?
Mesmo assim, pode dizer-se que falar de competitividade ajuda Obama a acalmar os receios de que o presidente esteja contra o desenvolvimento económico. Pode ser, desde que ele perceba que os interesses de empresas nominalmente “americanas” e os interesses do país, que nunca foram os mesmos, estão actualmente menos alinhados que nunca.
Consideremos o caso da General Electric, cujo administrador-executivo, Jeffrey Immelt, acaba de ser nomeado para chefiar o velho conselho com novo nome. Não tenho nada contra Immelt, mas com menos de metade dos seus trabalhadores e dos lucros a resultarem de negócios em solo americano, os destinos da GE têm muito pouco a ver com a prosperidade dos Estados Unidos.
A propósito : há quem tenha louvado a nomeação de Immelt com o argumento de que pelo menos representa uma empresa que produz coisas, em vez de ser apenas mais um financeiro espertalhão. Lamento ter de fazer rebentar esta bolha, mas hoje em dia a GE obtém mais rendimentos das suas operações financeiras que da produção de bens - na realidade, a GE Capital, que recebeu uma garantia governamental para a sua dívida, foi uma das grandes beneficiárias das medidas de estímulo à economia.

Exclusivo i/The New York Times

Sem comentários:

Enviar um comentário